Levantamento realizado pelo Sindicato Interestadual da Indústria do Tabaco (Sinditabaco) mostra que a safrinha gaúcha de milho, feijão, soja e pastagens cultivados em áreas onde foi colhido o fumo, abrangendo uma área de 96.620 hectares plantados, pode gerar uma renda adicional estimada em R$ 287 milhões aos fumicultores. Nos três estados do Sul do Brasil, a expectativa é de que a safrinha gere R$ 600 milhões. Esses números foram apresentados pelo presidente da entidade, Iro Schünke, ontem, durante o dia de campo do Programa Milho, Feijão e Pastagens após a colheita do tabaco, para marcar o início da coleta da safrinha.
O evento foi realizado na propriedade de André Düpont, na localidade de João Rodrigues, em Rio Pardo, e contou com a participação do secretário estadual da Agricultura, Pecuária e Irrigação. O programa conduzido pelo Sinditabaco trata das culturas de milho, feijão e pastagens. No entanto, o plantio de soja, que há cerca de quatro anos ocorria em pequena quantidade em áreas de colheita de fumo, aumentou nos últimos anos devido ao resultado positivo da cultura.
Schünke observou que o importante para o programa é que haja diversificação, porque assim o agricultor obtém mais renda e consegue melhorar sua propriedade, mantendo o solo protegido e em condições de produzir melhor. “O setor do tabaco sempre apoiou a diversificação, desde que ela ofereça renda real aos produtores. Uma pesquisa recente demonstrou que 79% fazem algum tipo de rotação de culturas para reduzir a proliferação de pragas, doenças e ervas daninhas, e que cerca de 50% garantem renda com outros produtos além do tabaco, aumentando significativamente sua renda”, comentou.
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No Rio Grande do Sul, são parceiros do programa o governo do Estado, a Afubra, a Fetag/RS e a Farsul. Ernani Polo salientou que esse trabalho retrata o envolvimento das entidades no apoio aos produtores, o que tem dado resultados em diversas áreas.
O secretário da Agricultura também ressaltou que a safrinha proporciona cuidado com o solo, que “é o nosso bem maior”. O cultivo nas áreas onde o tabaco foi colhido reduz os custos de produção dos grãos, pois ocorre o aproveitamento residual dos fertilizantes aplicados.
Aposta em mais culturas
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O produtor André Düpont, que conta com um dos três filhos e a esposa para tocar as atividades em sua propriedade de 18 hectares, planta tabaco há 31 anos e nem pensa em parar esse cultivo. Afirma que, sem a fumicultura, não conseguiria sobreviver com o nível de vida que tem atualmente. São 4,2 hectares dedicados ao fumo (70 mil pés). Essa não é a única cultura com a qual trabalha na propriedade. Ele planta milho (3,8 hectares) e, a partir deste ano, feijão na safrinha (0,4 hectares) após a colheita do tabaco. Além disso, dedica 12 hectares à soja, grão que planta há dez anos.
O cultivo de soja se deve ao bom preço e também por ser uma atividade mecanizada, que não dá muito trabalho. Mas apesar da valorização que tem esse produto, Düpont garante que o fumo dá cinco vezes mais renda por hectare. O cultivo do milho – do qual parte é para consumo da família e outra para venda – e do feijão, iniciado este ano, é mais um complemento e visa à diversificação.
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