Enquanto a homofobia mata todos os dias, tem deputado se preocupando com a sexualidade de desenhos animados. Considerando que isso pode ser um risco à formação das crianças. Perigoso é conviver com gente preconceituosa, que não consegue ter a dignidade de assumir que alimenta a violência. Emitir uma opinião preconceituosa já é uma forma de agressão.
Nunca compreendi como a sexualidade do outro pode incomodar alguém. Não faz diferença para você com quem a outra pessoa se relaciona. “Se faz, procure um psiquiatra. Você não está legal”, já alertou Drauzio Varella. É por isso que pedi a alguns amigos, de diferentes cantos do País, para escreverem, livremente, sobre o que sentem a respeito de tudo isso. Por favor, leiam.
“O pior tipo de homofobia é o que acontece dentro da nossa casa. Eu sempre soube que era gay, mas vivendo com uma família conservadora, em cidade do interior, com um pai extremamente machista, sempre tive medo de expressar minha sexualidade. Vivi me enganando durante muito tempo, até que fui fazer intercâmbio e pude ser quem eu era, livre, sem medos.
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Agora, de volta à minha casa, contei aos meus pais. Com minha mãe foi tranquilo, ela entendeu e me respeitou, mas com meu pai está sendo muito difícil. Ele não aceita, tem vergonha de mim e trata meu namorado como se fosse ‘amigo’. Eu gostaria que meu pai aceitasse minha condição, que entendesse que não é uma escolha. Ninguém escolhe ser gay.
Só queria que ele soubesse que cada vez que ele expressa sua homofobia, sinto como se ele me desse uma facada, que me destrói aos poucos. Pais e mães de homossexuais, só gostaria que vocês soubessem que tudo o que precisamos é que nos acolham. A vida lá fora já é dura para nós. Não nos façam passar por essas dificuldades também em nossa casa. Não nos abandonem.” (Bruno, Minas Gerais).
“A homofobia sempre aparece nas notícias por meio de agressões físicas sofridas por LGBTs ou por declarações infelizes. No entanto, a homofobia está presente em nossas vidas todos os dias: em olhares lançados a nós, em xingamentos, em brincadeiras sem graça, em oportunidades não oferecidas, no questionamento de nossos direitos básicos. Antes de levarmos uma lâmpada na cara por estarmos de mãos dadas com quem amamos ou chutes e pontapés, por vestirmos uma roupa com a qual nos identificamos, todos nós somos agredidos. Uma agressão que não é física, é na alma e que nenhum curativo pode alcançar.” (Sancler, São Paulo).
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“A homofobia mata. Todos os dias. Então, pais, já está mais do que na hora de vocês acolherem seus filhos. Não sejam mais omissos na vida dele. Mostrem a ele que o amor que vocês têm por ele é maior do que a miséria humana que julga, condena e mata. Mostrem a ele que os braços de vocês serão sempre um lugar seguro. Lembrem-se, a cura para a homofobia é o abraço que você escolhe dar ou não.” (Mahara, Rio Grande do Sul)