Depois de quase três anos, a Operação Lava-Jato continua nas manchetes. Tão intensas quanto a permanência em evidência são as tentativas de desmoralizar o trabalho liderado pelo juiz federal Sérgio Moro. Políticos das mais variadas agremiações tentam bloquear o avanço das investigações, invocando abusos jurídicos, culpa pela crise econômica do País e outras baboseiras. A retidão do trabalho da força-tarefa entrincheirada em Curitiba pode ser comprovada pelo ínfimo percentual de decisões de sua autoria que foram reformadas pelos tribunais superiores.
Há décadas o Brasil é assaltado por quadrilhas empoleiradas no núcleo do poder. Empresários inescrupulosos, políticos venais e mecanismos de fiscalização inoperantes levaram o País à bancarrota moral. O pagamento de percentuais para liberar verbas, contratos e recursos em geral é praxe incrustada em Brasília com ramificações nos mais diversos partidos, estados e prefeituras.
O sistema político naufragou, mas ninguém tem coragem para implementar as mudanças. Todos, nos mais diversos níveis, bradam por reformas – política, eleitoral, tributária. Acomodados em cargos de destaque ou escudados por mandatos, porém, eles mantêm a estagnação. Isso drena dos cofres públicos bilhões de escolas, das periferias que sofrem com doenças do século passado por falta de saneamento básico. É dinheiro inexistente para viaturas, armamento e efetivo para pôr fim a crimes hediondos.
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Agora que a Lava Jato ameaça concretamente figuras do governo Temer, pululam tentativas de aprovar leis para blindar políticos, muitos já beneficiados pelo foro privilegiado. São partidos de todo espectro ideológico mobilizados porque a corrupção é uma praga que corrói princípios, valores e resquícios éticos.
Somente a mobilização popular será capaz de manter os investigadores de Curitiba incólumes na inabalável obsessão de passar o País a limpo. Muito já foi feito. É por isso que as notícias lamentáveis da Operação Lava Jato não podem nos nausear. Devem, sim, nos fazer refletir seriamente sobre o País que queremos para nossos herdeiros.
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