Os números são preliminares, mas fornecem um indicativo de que a preocupação com a febre amarela aumentou. Mesmo sem a totalidade das unidades de saúde, as informações do sistema da Vigilância Sanitária e Epidemiológica de Santa Cruz do Sul apontam que 210 doses foram aplicadas em janeiro, um aumento de 44% em relação a dezembro. A coordenadora do Programa de Imunizações, enfermeira Raquel Emmel Lopes, afirma que além das pessoas que realmente precisam da vacina, outras já foram imunizadas e estão desinformadas. “No surto da doença em 2009, 1.074 pessoas não foram vacinadas. Naquele ano, 15 mil pessoas ficaram em dia. A cobertura é estimada em 99% da população”, explica. O estoque é de 1,3 mil doses, suficiente para a demanda no município.
A primeira dose costuma ser aplicada aos nove meses de idade, e a segunda, antes de a criança completar 5 anos. A cada dez anos, deve ser feita uma dose de reforço. A regra vale para quem nunca fez a vacina e vai recebê-la pela primeira vez. O último surto de febre amarela no Estado aconteceu em 2009. Dessa forma, as pessoas que se vacinaram naquele ano continuarão imunes até 2019. As vacinas estão disponíveis nas unidades de saúde. A febre é um dos efeitos colaterais mais evidentes e frequentes. Pode acontecer até cinco dias após a aplicação.
A imunização não é indicada para pessoas com alterações no sistema imunológico, congênitas ou adquiridas; infectados pelo HIV que estejam doentes ou apresentam defesas baixas; transplantados; com histórico de doença do timo (órgão linfático) e acima de 60 anos. O paciente deve conversar com o médico e tomar uma decisão individual, para avaliar o risco. A enfermeira responsável pelo setor de imunizações da 13ª Coordenadoria Regional de Saúde (13ª CRS), Marlene Webber Andriolo, explica que gestantes, lactantes com bebês menores de seis meses e alérgicos à proteína do ovo também não devem ser vacinados. “Algumas pessoas procuram os postos de saúde alertadas por aquilo que assistiram na televisão”, acrescenta Marlene. As reações mais comuns são dor de cabeça e alterações no local de aplicação como dor, vermelhidão, hematomas e inchaços, que podem ocorrer até dois dias depois da vacina.
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A coordenadora de Vigilância e Epidemiologia da 13ª Coordenadoria Regional de Saúde (13ª CRS), Beanir Lara, esclarece que apenas 10% dos casos da doença se manifestam de forma grave e provocam insuficiência hepática, além de atingir outros órgãos posteriormente. Como a transmissão urbana da febre amarela só é possível através da picada de mosquitos Aedes aegypti, evitar a disseminação é o método de prevenção.
O efeito da vacina aparece cerca de dez dias após a injeção. A eficácia é acima de 97,5%, e a proteção persiste por mais de 40 anos. Se a pessoa esqueceu que foi imunizada e perdeu a carteira de vacinação, o indicado é procurar o local onde costuma receber as doses e solicitar uma busca nos registros.
Possível relação com tragédia em Mariana
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Alguns estados brasileiros registram o pior surto de febre amarela desde 1980. A doença já provocou a morte de 70 pessoas em Minas Gerais, Espírito Santo e São Paulo. Segundo boletim divulgado na última quarta-feira pelo Ministério da Saúde, até o momento, 1.060 pacientes apresentaram suspeita nesses estados, na Bahia e no Tocantins.
Do total notificado, 215 casos foram confirmados, 765 permanecem sob investigação e 80 foram descartados. Das 166 mortes suspeitas da febre registradas até agora, três foram descartadas e 93 ainda estão sob avaliação.
Minas Gerais é o estado com maior número de registros, com 903 – 191 deles confirmadas – em 73 municípios. O estado também tem o maior número de mortes por febre amarela, 61 das 70 confirmadas. Com isso, a Secretaria Estadual de Saúde do Rio Grande do Sul lançou um alerta epidemiológico.
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O Ministério da Saúde estuda a tese de que o surto em Minas Gerais esteja relacionado à tragédia do rompimento da barragem em Mariana, em 2015. Essa possibilidade foi levantada pela bióloga Márcia Chame, da Fiocruz. Estudos têm demonstrado que a doença ocorre com maior frequência nos meses de dezembro a maio. Essa é a estação das chuvas, quando há um aumento das populações de mosquitos, o que favorece a circulação do vírus.