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Santa Cruz

‘Me sinto imune a certo tipo de pressão’ afirma Telmo Kirst

A três dias de tomar posse para o segundo mandato como prefeito de Santa Cruz, Telmo Kirst (PP) continua sem pressa quanto à composição do governo a partir do ano que vem. Ao menos é o que demonstrou ao receber uma equipe da Gazeta Grupo de Comunicações ontem à tarde, em seu gabinete.

Com aparência tranquila, Telmo minimizou a pressão que sofre de aliados e reiterou que, mesmo com um grande número de partidos em sua base e outros em vias de entrar, não vai aumentar gastos na Prefeitura com cargos. E acrescentou: “Me sinto imune a certo tipo de pressão”.

Mesmo confiante de que a economia brasileira terá uma reação no ano que vem, Telmo garantiu que pretende manter a austera política fiscal que adotou desde 2013 – adiantando, inclusive, que vai manter o turno único em janeiro, a exemplo do que fez este ano. Também confirmou que pretende anunciar, em janeiro, uma nova reforma administrativa na Prefeitura. (Com Igor Müller)

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ENTREVISTA

Gazeta – Qual a marca que fica deste ano de 2016 em Santa Cruz?
Telmo – Tendo em vista a brutal crise que se abateu sobre o País, Santa Cruz encerra este quadriênio muito bem. Conseguimos superavit nas contas, realizamos muito, e o desperdício de dinheiro público não aconteceu aqui. A poupança que fizemos foi extraordinária, estimo que tenha batido entre R$ 40 milhões e R$ 50 milhões. Só com CCs reduzimos em R$ 20 milhões os gastos da Prefeitura em quatro anos. Então, realmente temos números favoráveis. E ouso dizer que, se até o dia 29 ou 30 o governo federal creditar os recursos da Lei da Repatriação, nós devemos fechar as contas com superavit, sem usar a arrecadação do IPTU.

Gazeta – Há quem diga que 2017 será pior para as prefeituras do que 2016. Qual a sua perspectiva?
Telmo – Tenho consciência de que 2017 vai ser um pouco melhor. Não muito, mas um pouco. Isso se nada acontecer com o presidente Michel Temer. Se o PIB do Brasil crescer 1% no ano que vem, dá uma melhorada na atividade econômica e na arrecadação. Acho também que, com a renegociação da dívida com a União, o Estado vai deixar de atrasar os repasses para a Saúde. 

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Gazeta – O senhor pretende prorrogar o turno único?
Telmo – Sim. Já tomei a decisão de manter o turno único em janeiro. Isso tem se mostrado útil para poupar. Além disso, há um número muito grande de servidores em férias nesse período. 

Gazeta – Vai mudar alguma coisa no seu jeito de governar e de agir no segundo mandato?
Telmo – Não. Acho que foi tudo muito bem.

Gazeta – E quanto à sua presença nas ruas?
Telmo – Isso é coisa de gente da oposição. “O Telmo não se comunica, não dá mão para ninguém, não vai para a rua.” O lugar que eu menos fico é aqui (no Palacinho). Aqui eu só despacho. Estou sempre girando por aí.

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Gazeta – Que legado o senhor almeja deixar ao município?
Telmo – Acho que Santa Cruz já está melhor do que há quatro anos. A cidade está mais bonita e criou uma característica de ser a cidade dos eventos. Temos incentivado isso. E nós vamos seguramente transformar Santa Cruz em um grande polo de investimentos e de turismo. E isso já está se concretizando: na semana passada anunciamos um hotel da rede Ibis, que é um belo investimento de R$ 20 milhões. Acredito muito no potencial turístico de Santa Cruz.

Gazeta – Como o senhor lida com as pressões dos aliados sobre a composição do governo?
Telmo – Me sinto muito à vontade para tomar decisões e enfrentar certas pressões. Acho que estou afinado com a população, que mostrou o que quer. Não vou, de forma alguma, aceitar pressões indevidas. Não vou sair do caminho que tomamos até agora. Respeito os partidos, mas me sinto imune a certo tipo de pressão. A Prefeitura não vai aumentar gastos.

Gazeta – O senhor é discreto nas negociações, mas nos últimos dias recebeu vários vereadores aqui no gabinete.
Telmo – Nem sou tão discreto assim, porque um “paparazzi” até fotografou um vereador entrando aqui (risos). Qual é o mal de um prefeito receber um vereador? Eu recebo, é normal fazer isso. Política se faz conversando com os políticos.

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Gazeta – A que o senhor está disposto para garantir maioria na Câmara?
Telmo – Sem dúvida, é importante governar com maioria. Isso permite êxito em alguns movimentos. Assim como o deputado, o vereador vota muito pela sua sobrevivência política. Não tem quem não olhe para isso. E é preciso levar em conta que projetos polêmicos vão aparecer nos próximos anos. Porém, eu não vou lotear a Prefeitura e fazer nada que fuja aos padrões normais e éticos que uma administração precisa ter.

Gazeta – Considerando os movimentos que o senhor já fez, diria que a maioria está garantida?
Telmo – O que eu estou conversando com os vereadores é sobre a eleição da Mesa Diretora. A partir da Mesa é que se consegue, daqui a pouco, construir uma maioria. Se os vereadores não se entenderem, aí fica mais difícil. O que estou aconselhando é que, em primeiro lugar, é preciso definir quais os partidos que vão ocupar a presidência nos próximos quatro anos.

Gazeta – O senhor está mesmo disposto a conversar com o PT?
Telmo – Conversar, eu converso com todo mundo. Mas acredito que o partido PT não vai querer conversar comigo.
Gazeta – E os vereadores do PT?
Telmo – Com os vereadores, eu posso conversar (risos).

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Gazeta – Quando o senhor pretende começar a anunciar os secretários?
Telmo – Só em janeiro. Não estou começando um novo governo, é uma continuação, então não preciso me apressar. Neste momento, estamos acompanhando a questão da Mesa.

Gazeta – O senhor tem candidato a presidente da Câmara?
Telmo – Não. Não me meto nessa discussão. Não fiz isso nunca. Se disseram que fiz, erraram. Isso acontece naturalmente entre eles. 

Gazeta – Está nos seus planos mexer novamente na estrutura administrativa da Prefeitura?
Telmo – Pretendo, sim, fazer uma minirreforma. Depois de eleita a Mesa Diretora, vou me debruçar sobre os cargos. Por exemplo, se eu quiser criar uma diretoria ou uma coordenação que esteja faltando, vou compensar reduzindo outro CC.

Gazeta – O senhor terá, nos próximos anos, o desafio de criar um sucessor. Isso já passou pela sua cabeça?
Telmo – Não penso nisso. Vou pensar em governar. A comunidade já escolheu o rumo que quer seguir. Se encontrar uma pessoa que esteja de acordo com esse rumo, ela vai naturalmente se destacar nos próximos anos. n

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