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Especial de Natal: luz para a família de Sueli

Sueli vai reunir os cinco filhos e netos para a ceia de Natal. Na mesa, uma torta e a luz de duas velas vermelhas terão um sentido todo especial. É nesse momento que a família Pires vai trocar abraços e celebrar uma das datas mais significativas do calendário cristão. 

Aos 60 anos, a dona de casa descobriu no artesanato um jeito especial de deixar a sua vida mais bonita e colorida. Há pouco mais de uma década, ela começou a participar de projetos sociais com os moradores do Bairro Bom Jesus. As iniciativas tinham o objetivo de proporcionar aprendizado e naturalmente ajudar a mudar uma realidade marcada pelas dificuldades econômicas e sociais daquela região. Aos poucos foi aprendendo a confeccionar diferentes peças e a cada aula conhecia uma nova Sueli, determinada em garantir um futuro mais digno aos filhos. Na época, a comunidade acompanhava o crescimento da violência e do consumo de drogas. Era necessário fazer algo para evitar que aquela realidade batesse em sua porta. “Tinha muita dificuldade no bairro. Era um período bem difícil para todos”, recorda com fala mansa.

O convite que ela esperava

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Sueli Pires viu sua realidade mudar a partir de um convite. Ela foi chamada para a oficina de velas artesanais com as mães de participantes do projeto Alegria e Esperança, desenvolvido no Centro Comunitário da Comunidade Evangélica Centro, em Santa Cruz do Sul. Três dos seus cinco filhos eram frequentadores e aprendiam sobre música, artes e aprendizagem. “Se não fosse o projeto, a realidade deles teria sido muito diferente. Foi isso que fez eles seguirem estudando”, diz, orgulhosa. A menina se tornou agente de saúde, um rapaz se formou eletricista e outro hoje trabalha como auxiliar de pedreiro.

Enquanto os três iam para as oficinas, Sueli aprendia a fazer velas. Quando a atividade começou, os recursos eram escassos. Latas de molho de tomate e vidros serviam de forma para moldar a parafina. Cores ou formatos mais elaborados ainda estavam longe de ser alcançados. A decoração das peças era feita com galhos secos e ramos de flores catados nos jardins da comunidade evangélica.

Mas o desejo de fazer algo novo era maior. Orientadas pelas integrantes da Ordem Auxiliadora das Senhoras Evangélicas (Oase), as mães iam descobrindo técnicas, formas e dando asas à imaginação nos encontros duas vezes por semana. A persistência fez a oficina de velas dar um salto em qualidade e quantidade. Desenvolvida de fevereiro a dezembro, ela reúne em torno de dez mulheres. Nas aulas, o que importa é a convivência e integração entre as participantes, que hoje veem o colorido das velas alegrar a sala de trabalho – e a vida de todas. “Aprendemos a conviver umas com as outras. Vemos que somos capazes de muita coisa. E isso se reflete em casa”, reconhece Sueli.

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Com o passar do tempo, a venda das velas começou a render dinheiro. Hoje, estima-se que a cada ano 5 mil unidades sejam comercializadas em feiras, exposições ou sob encomenda para decoração de eventos. A renda é revertida à manutenção da oficina, aquisição da matéria-prima e para custear despesas. Parte do dinheiro volta para as mães-artesãs, que neste ano receberam cestas básicas em troca da dedicação que dispensaram nos encontros. E é com uma dessas cestas básicas que Sueli vai preparar a ceia e a torta que devem adoçar a noite de Natal junto das velas que ela aprendeu a fazer.


Sueli

Aprendizado a cada encontro

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A oficina de velas se transformou em uma oportunidade para o desenvolvimento de todas as participantes e impressiona pelos resultados. Mas chegar até esse ponto exigiu muita dedicação de todas.

A coordenadora do grupo hoje é Nadir Gaab, que foi aperfeiçoando as técnicas para a produção das peças. Já são mais de cem modelos diferentes, desde as mais simples até aquelas que exigem horas de trabalho para a conclusão. “Com o tempo, fomos testando novas formas e materiais. Hoje usamos aromas, inclusive de citronela, para espantar insetos”, conta. A família também passou a fazer parte da missão. O marido dela, Raul, ajuda a fazer as formas nas quais a parafina derretida é moldada. A irmã, Marlene Fuerstenau, também está sempre presente e cuida das embalagens das velas. Para que tudo saia da melhor maneira possível, Nadir frisa a importância de cuidados com a segurança das voluntárias e escolha dos materiais utilizados. “Temos que saber o ponto certo para retirar das formas e dar o acabamento nos mínimos detalhes. Tudo isso faz a diferença no final”, diz.

Onde encontrar

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As velas produzidas nas oficinas da comunidade evangélica podem ser encontradas em feiras, no Brique da Praça Getúlio Vargas, exposições ou encomendadas no escritório da igreja, na Rua Sete de Setembro, 654. Os valores variam conforme a quantidade de parafina usada e ficam entre R$2,00 e R$ 60,00. As responsáveis pela produção dizem que cada peça é única, com detalhes feitos à mão e combinações de cores exclusivas. São mais de cem modelos diferentes

Como ajudar

A Oase Centro, que desenvolve o projeto Alegria e Esperança, está autorizada a receber doações via Imposto de Renda. Para isso, até 31 de dezembro deste ano é possível destinar parte do valor devido mediante depósito em conta do Comdica. Pessoas físicas que fazem a declaração completa podem repassar até 6% do imposto devido. Pessoas jurídicas tributadas pelo lucro real têm teto de 1%. Após fazer o depósito, é necessário retirar o recibo na sede do Comdica (Marechal Floriano 1682, telefone 3715 6230) e informar que a destinação é para a Oase Centro. As contas para depósito são: Banco do Brasil – 001 (agência 0180-5 c/c 51834-4) e Banrisul – 041 (agência 0340 c/c
04.192.276/0-0). 

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