Nos dias de sol e calor, as pessoas gostam de ficar ao ar livre e buscam, normalmente, praças e parques para relaxar, bater papo ou tomar chimarrão. Mas ultimamente as que residem em Santa Cruz têm enfrentado um incômodo: a proliferação do mosquito simulídeo, conhecido como borrachudo. Desde o início de outubro esse inseto tem aparecido e agido, não só no interior, mas também em diferentes pontos da zona urbana.
Conforme o químico Mario Cesar Righi Dias, da Vigilância Sanitária, isso acontece porque os períodos de mais luminosidade e calor são os de maior atividade dessa espécie, e se houver também umidade, esses insetos ficam mais ativos ainda. Quando a temperatura é baixa, eles não são ativos, têm ciclo lento. Morador do Bairro Universitário, Irineu Overbeck, diz que “os borrachudos estão em todos os lugares”. Ele, que é síndico do condomínio em que reside, conta que há uma praça no local, com área de lazer para crianças, que atualmente quase não é aproveitada.
Overbeck diz que os moradores costumavam tomar chimarrão na praça e conversar com vizinhos, enquanto as crianças brincavam, o que está quase impossível este ano. A proliferação teria começado no início de outubro. Ele conta que, no último feriado, foi com a esposa à Praça da Bandeira tomar chimarrão e viu muitas pessoas inquietas, tentando espantar os borrachudos e se coçando. “Tivemos que sair de lá. Fomos para a Praça Getúlio Vargas, onde a quantidade era menor”, relatou.
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Para ele, este ano a quantidade de borrachudo está maior na cidade. “Aqui no Bairro Universitário não tinha tanto em anos anteriores”, observou. A Vigilância Sanitária está aguardando as chuvas darem uma pausa para fazer aplicação de um larvicida biológico nos arroios para resolver o problema. Dias observa que realmente os ataques de borrachudos estão acontecendo em vários lugares da cidade, o que se deve às condições climáticas favoráveis.
A ocorrência mais intensa desse inseto em Santa Cruz se dá, normalmente, de outubro até fevereiro ou março. Conforme Dias, o mosquito se desenvolve em água corrente. É encontrado onde tem arroios e nas proximidades. O químico fala que a presença do inseto em praças centrais surpreende, mas já foi confirmada pela Vigilância Sanitária. Ocorre por dispersão.
A solução do problema todo é tratar os arroios, aplicando um larvicida biológico (BTI) que interrompe o ciclo do mosquito. Dias afirma que a Vigilância já tem o produto necessário, inclusive para distribuir para o interior, e precisa apenas de tempo mais seco para a aplicação. Como não choveu no fim de semana, esse trabalho pode ser feito ainda hoje.
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Tratamento
Mario Dias explica que a larva do borrachudo morre quando ingere o BTI, que é aplicado nos arroios. Quando chove, a água fica suja, com muita matéria orgânica. E a larva do inseto pode ingerir essa matéria orgânica e não o produto aplicado para matá-la. Assim, não haverá 100% de mortalidade. “Por isso necessitamos de uma condição boa da água dos arroios para fazer a aplicação. Feita a aplicação, 10 ou 15 dias depois já se começa a sentir que melhorou”, ressaltou. A morte da larva ocorre de seis a 24 horas após ser ingerido o produto. Dependendo dos resultados obtidos, podem ser feitas de três a quatro aplicações. Normalmente, três garantem o controle do inseto por todo o verão.
A aplicação é manual e feita com uso de um regador e um dosador do larvicida. A equipe da Vigilância Sanitária, que atua no Programa Municipal de Combate ao Simulídeo, percorre os arroios desde suas nascentes até onde eles desaguam. Onde há quantidade significativa de larva, é feita a aplicação. “Contra o inseto adulto não há o que fazer. Ele vive de quatro a seis semanas. O que se faz é interromper o ciclo desse mosquito. Tratando na origem, lá no arroio a gente mata a larva”, ressalta Dias.
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