A família do produtor Milton Maleitzke, 53 anos, de Sinimbu, decidiu investir na fruticultura como alternativa de renda na sua propriedade, localizada no interior de Sinimbu. A principal aposta foi no cultivo de pêssego, sem uso de agrotóxicos, por adaptar-se bem à região, ter boa produtividade e mercado. Este ano ele faz a primeira colheita do fruto e está contente com a produção, a qualidade obtida e, mais ainda, com a demanda. O plantio ocorreu em 2014, quando árvores frutíferas foram introduzidas na propriedade pelo filho Jardel Maleitzke, 21 anos, para a diversificação da atividade. Junto foram plantados também ameixa, caqui, laranja, bergamota, limão e figo.
Jardel conta que estudava na Escola Família Agrícola de Santa Cruz do Sul (Efasc) quando surgiu a oportunidade de fazer um projeto de implantação de pomar, com recursos do Fundo Estadual de Apoio ao Desenvolvimento dos Pequenos Estabelecimentos Rurais (Feaper). A ideia foi ampliar a diversificação iniciada em 2012 com hortaliças, decorrente das práticas aprendidas na Efasc. A principal fonte de renda da família é o tabaco. O Feaper possibilitou a implantação do pomar e ele escolheu, para o pêssego, um cultivar melhorado pela Embrapa – o BRS Rubimel –, que se adapta bem ao número de horas de frio da região.
A produção deste primeiro ano é calculada entre 800 e 900 quilos, dos quais 160 quilos já foram vendidos. A comercialização é feita de casa em casa, em empresas, entidades e mercado. A colheita é realizada na hora da venda. Milton e Rosali Maleitzke, 50 anos, contam que recebem pedidos de cinco e até dez quilos. “A produção ultrapassou a expectativa”, observou Jardel, acrescentando que a família já pensa em aumentar a área plantada. Nesse projeto inicial, foram cultivados 20 pessegueiros, os quais serviram para experiência, mas também para geração de renda.
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A área destinada às hortaliças e ao pomar ainda é pequena – 1,5 hectare, com meio hectare destinado para a fruticultura. O tabaco ocupa dois dos 25 hectares da propriedade situada em Linha Rio Branco, a oito quilômetros da área urbana de Sinimbu. A família ainda planta batata-doce, aipim e feijão, dos quais vende uma parte e emprega o resto no consumo próprio. Jardel é técnico agrícola formado pela Efasc e estudante do curso de Tecnologia em Horticultura da Uergs, e também conta, na iniciativa, com a assistência técnica da equipe do Escritório Municipal da Emater/RS-Ascar de Sinimbu.
Cuidados e clima garantiram a qualidade da safra
Os pêssegos produzidos pelos Maleitzke estão com boa qualidade, segundo Jardel, o que ele atribui aos cuidados – como fazer o raleio (tirar o excesso de frutas), a poda no período de floração e o tratamento preventivo para evitar pragas – e ao clima, que foi favorável. Fez frio, não houve excesso de chuva na floração e nem no início da frutificação, nem ocorreu granizo, conforme o engenheiro agrônomo Gustavo Ayres, da Emater. A família Maleitzke vende o quilo do pêssego a R$ 2,00 e considera um bom preço para este primeiro momento.
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Ayres entende que o preço está barato para a venda direta ao consumidor, mas como ainda é uma experiência, “é melhor vender tudo e conquistar clientes”. Jardel se mostra empolgado com os resultados e afirma que deseja continuar na propriedade. Atualmente, ele trabalho fora como técnico agrícola, mas diz que pretende, futuramente, ficar mais nas terras da família. “Ainda é o fumo o que mais plantamos. Porém, a ideia é, no futuro, focar só na fruticultura e na produção de hortaliças.”
O cultivo do tabaco é a principal atividade dos agricultores de Sinimbu. A fruticultura é a menos praticada, apesar de o clima ser favorável aos pomares. O agrônomo da Emater ressalta que grande parte dos agricultores da região tem pouco conhecimento e experiência para trabalhar com outros itens que não o fumo. Existem apenas quatro produtores sinimbuenses trabalhando com o cultivo comercial de pêssegos.
Em Santa Cruz
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Em Santa Cruz do Sul, apenas três produtores cultivam pêssegos e comercializam a produção – dois na localidade de Linha Antão e um em Linha São Martinho. A área média ocupada com a cultura é de 0,80 hectare por agricultor, totalizando em torno de 1,3 mil plantas de pêssego.
Conforme o técnico agropecuário da Emater, Vilson Pitton, a área com essa fruta tem aumentado devido ao apoio de recursos públicos no fornecimento de novas mudas aos proprietários, ganhando mais quatro hectares em 2015.
Pitton observa que esses quatro hectares, implantados no ano passado por dois agricultores que trabalham com essa cultura há mais tempo e outros três novos, ainda não estão em produção. A previsão é de que isso aconteça na próxima safra, em 2017. Das plantas que se encontram em produção, a colheita das variedades mais precoces teve início após o dia 20 de outubro e já foi concluída. Já a das mais tardias começou nos últimos dias. Os pêssegos são vendidos na propriedade e no mercado local. As principais variedades plantadas são Premier, Maciel, Granada e Duradão.
A produção das mais precoces, segundo Pitton, foi um pouco prejudicada pelo excesso de chuva. Para as variedades que serão colhidas neste mês, a expectativa é boa, tanto em termos de quantidade como de qualidade dos frutos. Em Encruzilhada do Sul, que já teve 25 hectares destinados ao pêssego, o plantio dessa fruta vem diminuindo nos últimos quatro anos. O técnico da Emater de Encruzilhada, Marco Antônio Santos, estima que hoje o município tenha apenas cinco hectares, de dois ou três produtores, com essa cultura.
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