Quase 90 pessoas foram diagnosticadas com sífilis em Santa Cruz do Sul no primeiro semestre deste ano. O número já é bem superior à metade do que foi registrado ao longo de todo o ano passado, quando 132 casos foram identificados. No País, a incidência da doença chegou a ser classificada como uma epidemia por autoridades médicas.
A sífilis é uma infecção sexualmente transmissível grave e silenciosa. Os primeiros sintomas, que aparecem entre sete e 20 dias após o contágio, são feridas avermelhadas nos órgãos sexuais e na boca e caroços nas virilhas (ínguas). Sem tratamento, as feridas somem. Mas a doença continua a se desenvolver e manchas podem surgir em várias partes do corpo. Em estágios avançados, a sífilis pode levar o infectado à demência, paralisia e morte.
Em Santa Cruz, a maior preocupação do Centro Municipal de Atendimento à Sorologia (Cemas) é com a sífilis congênita, transmitida pela mãe para o bebê e detectada após o nascimento. No primeiro semestre deste ano, já são sete casos de sífilis congênita e 20 de gestantes com a doença, que pode provocar má-formação do feto e aumenta o risco de aborto. “É fundamental um pré-natal bem feito, para reduzir os riscos ao bebê. Os testes rápidos são acessíveis, podem ser feitos gratuitamente nas unidades de saúde. Se der positivo, um exame de laboratório vai detalhar o quadro”, ressalta a coordenadora do Cemas, Daiana Raddatz.
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Segundo ela, quando a doença é detectada em gestantes, o tratamento é imediato. “É fundamental que os homens façam o teste para que sejam diagnosticados e iniciem o tratamento também.” Daiana acredita numa redução do número de casos em 2017, fruto da conscientização. Em 2015 foi criado o Comitê de Transmissão Vertical de HIV e Sífilis em Santa Cruz, que trabalha em conjunto com o Comitê de Mortalidade Infantil. “É uma equipe multidisciplinar, que investiga os casos e atua de forma intensa na prevenção. O tratamento é simples, mas precisamos que as pessoas façam os testes. Além disso, nunca se deve esquecer o uso de preservativos”, reforça.
NO MUNICÍPIO
Sífilis adquirida | 2015: 84 | 1º semestre/2016: 60
Sífilis em gestantes | 2015: 33 | 1º semestre/2016: 20
Sífilis congênita | 2015: 15 | 1º semestre/2016: 7
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Fonte: Setor de Epidemiologia da Secretaria Municipal de Saúde
Brasil entra em guerra contra doença
O Ministério da Saúde deu a largada para uma ofensiva de um ano contra o avanço da sífilis congênita no País. O foco é detectar precocemente a doença no início do pré-natal e encaminhar imediato tratamento com penicilina. Também haverá uma campanha publicitária chamando atenção para ações de prevenção.
Estão previstos o incentivo à realização do pré-natal precoce, ainda no primeiro trimestre da gestação, ampliação do diagnóstico (por meio de teste rápido), tratamento oportuno para a gestante e seu parceiro e incentivo à administração de penicilina benzatina – considerada o único medicamento seguro e eficaz na prevenção da sífilis congênita.
As ações foram anunciadas depois que o Conselho Federal de Medicina, a Sociedade Brasileira de Pediatria e a Federação Brasileira de Associações de Ginecologia e Obstetrícia lançaram um alerta contra o avanço da doença no Brasil. A taxa de bebês com sífilis congênita em 2015 foi de 6,5 casos a cada mil nascidos vivos – 13 vezes mais do que é tolerado pela Organização Mundial de Saúde e 170% a mais do que o registrado em 2010.
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AUMENTO
170 % a mais do que o registrado em 2010 foi a taxa de bebês com sífilis congênita em 2015
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