Foi na cidade conhecida como capital mundial do fumo que dois farmacêuticos, Fernando Mossmann e Milton Mainardi, decidiram instalar um negócio que nada tem a ver com o processamento e exportação de tabaco. Apostando em um potencial de Santa Cruz que vem sendo descoberto aos poucos nos últimos anos – a vocação logística – os empreendedores criaram, em 2014, uma empresa de distribuição de medicamentos e de material médico-hospitalar.
Com uma localização central, que garante uma distância privilegiada dos principais mercados do Rio Grande do Sul, o maior município do Vale do Rio Pardo cada vez mais vem sendo visto como um terreno fértil para crescimento de distribuidoras e indústrias que precisam escoar seus produtos para todo o Estado – o que, por sua vez, é considerada uma das oportunidades mais promissoras para a almejada diversificação econômica. A menos de 300 quilômetros dos maiores PIBs gaúchos, Santa Cruz tornou-se o que alguns vêm chamando de “esquina econômica do Estado”, qualificação muito favorecida pela inauguração da RSC-153 em 2010. O principal ganho para as empresas é a redução de custos com transporte de mercadoria.
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No caso da StockMed, também pesou o fato de o município possuir um grande número de transportadoras, muito por conta da demanda das empresas de tabaco. Em Santa Cruz, os produtos adquiridos pela empresa são armazenados e embalados para depois serem despachados para os clientes, espalhados pelos três estados da Região Sul.
A empresa já emprega hoje 25 pessoas e pretende dobrar o quadro até 2019. “A nossa intenção é crescer. Aqui estamos em um ambiente muito propício. Temos tudo para avançar”, acrescenta Mossmann. Atualmente, o estoque da empresa chega a cerca de 2 mil itens.
Diversificação garante estabilidade
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Mesmo com a preocupação de garantir a sobrevivência da fumicultura, a diversificação, tanto na indústria quanto na agricultura e no comércio, está na ordem do dia em Santa Cruz.
De acordo com o presidente da Assemp, Flávio Bender, incentivos fiscais são fundamentais para que empresas de outros setores queiram se instalar por aqui. “A Prefeitura pode incentivar o empreendedorismo dando isenção tributária até que uma empresa cresça e se afirme no município”, sugere. Para ele, a diversificação é fundamental para garantir segurança econômica ao município.
Segundo o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais, Renato Goerck, o surgimento de novos setores também protege os agricultores. “Na monocultura, qualquer intempérie com o tempo, por exemplo, coloca em risco a renda do produtor. Com culturas diversificadas isso é quase impossível de acontecer”, afirma.
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Conforme Goerck, a bacia leiteira e os hortigranjeiros são exemplos de culturas que vêm crescendo no município. “Para incentivar as novas culturas, o governo municipal precisa cuidar das estradas no interior, para facilitar o acesso. Além disso, faltam empresas de outros ramos que não a fumicultura”, conclui.
O QUE OS CANDIDATOS PROPÕEM
AFONSO SCHWENGBER (PSTU)
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“É impossível negar que o Brasil é signatário da Convenção-Quadro no que diz respeito à fumicultura. No nosso entendimento, o que falta hoje são projetos de diversificação porque verbas são previstas nessa Convenção. Por isso, no nosso governo nós vamos elaborar projetos com técnicos da área para buscar esses recursos para os fumicultores. Com isso, nós poderemos fazer a diversificação de fato. Não há como falar em diversificação sem dinheiro.”
FABIANO DUPONT (PSB)
“Tabaco sempre será primeiro plano, mas Santa Cruz tem vocação à produção de alimentos e isso será explorado. Iniciaremos melhorando a infraestrutura das estradas do interior, pois diversificação só funciona se os veículos acessarem o campo transportando pessoas, insumos e produção. Em paralelo, vem o incentivo com assistência e conhecimento de técnicas alternativas. As culturas existentes e com bons exemplos, como apicultura, horticultura orgânica e hidropônica, piscicultura, fruticultura e até mesmo o turismo rural, serão incentivadas em projetos e acompanhadas de perto. O escalonamento da produção e comercialização também está incluso em meu planejamento.”
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GERRI MACHADO (PT)
“Penso que o apoio à agroindústria familiar deve ser um dos pilares das ideias de diversificação no município. Um dos meus projetos, enquanto prefeito, será o apoio à produção de peixe nas localidades do interior, visando implementar o filé de peixe na merenda escolar, com toda a produção oriunda do município, fazendo assim nossa economia engordar. Fora isso, trabalharemos forte para que novas empresas se instalem aqui, sem deixar que o município perca mais empresas para municípios vizinhos, a exemplo do que aconteceu recentemente.”
SÉRGIO MORAES (PTB)
“A diversificação vai ser de forma bem planejada. Queremos a Unisc de parceira, para aproveitar projetos e pesquisas da Incubadora Tecnólogica. Vamos investir no que de fato tem mercado para gerar emprego e renda. Não adianta trazer empresas de fora, com isenções, e esquecer quem é daqui. Mor, Imply, ATC e Premium são algumas que ajudei quando prefeito. No interior vamos implantar programas com garantias de produção e renda o ano todo. Não adianta o agricultor plantar tomate dois meses e não plantar no resto do ano. Quem compra quer o produto sempre. É muito dinheiro que os supermercados ainda gastam por mês na Ceasa por não ter de quem comprar aqui.”
TELMO KIRST (PP)
“Aumentamos em 40% a produção de leite, de 8 milhões de litros para 11 milhões. Além da garantia de incentivo à piscicultura, inclusive com a compra de um abatedouro de peixes e a implantação de microaçudes no interior. Abrimos novas feiras rurais, incentivando a produção de alimentos orgânicos. Instalamos vários quilômetros de Con-Aid, dando melhores condições para o escoamento da produção, e ampliamos as redes hídricas. Seguiremos investindo nos programas de infraestrutura, bovinocultura leiteira, piscicultura e agroindústria familiar. Além de criar os programas para fruticultura, associativismo, olericultura, meliponicultura e avicultura colonial.”
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