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Reportagem Especial

Por dentro da nova UPA do Esmeralda

Recém inaugurada em Santa Cruz do Sul, a UPA do Bairro Esmeralda já realiza uma série de atendimentos no município. Diante da elevada procura por assistência no posto, a reportagem da Gazeta do Sul passou 24 horas na unidade de saúde para saber como está o funcionamento no local. 

Confira o registro dos repórteres João Pedro Kist, Natany Borges, Rodrigo Kämpf e Fernanda Szczecinski

QUARTA-FEIRA

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20:45 – O plantão noturno está apenas começando na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Bairro Esmeralda quando uma ambulância do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) chega às pressas. O paciente, porém, não está na maca. Ele consegue caminhar e sai amparado por dois socorristas. O homem, que não aparentava ter mais de 50 anos, permanece calado e com um olhar assustado, até ser conduzido diretamente a uma das salas da estrutura, recém-inaugurada na Zona Sul de Santa Cruz.

Dois familiares do paciente acompanhavam o atendimento. Tratava-se de um complicado caso, que se estendeu até o amanhecer. O homem é um alcoolista que, infelizmente, tivera uma grave recaída na tarde daquele dia, após seis anos sóbrio. Em meio a alucinações, quebrou tudo dentro de casa, investiu contra um carro com um facão – por achar que havia inimigos dentro – e fugiu para longe. Foi encontrado horas depois, fugindo de morcegos que só ele podia ver, e levado para a UPA.

A esposa dele chegou ao local por volta das 22 horas para aguardá-lo. E lá permaneceu durante a longa e fria madrugada. Enquanto esperava, chorou, contou as tristes histórias envolvendo o vício e, principalmente, recebeu apoio dos funcionários que permaneciam de plantão na nova unidade 24 horas. Por volta das 6h15, o homem foi liberado. Pouco falou com a mulher, que ansiosamente o esperava. De táxi, foram para casa.

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Essa história, que durou quase 10 horas, foi presenciada por parte da força-tarefa da Gazeta do Sul que acompanhou a rotina da UPA do Bairro Esmeralda por 24 horas seguidas, entre o meio-dia de quarta e o meio-dia de quinta-feira. A ideia era verificar, a partir dos bastidores, o que a estrutura, inaugurada uma semana antes e administrada pelo Hospital Ana Nery, representa para a população e como atende as pessoas. Confira nas páginas seguintes os relatos e impressões da nossa equipe.

QUARTA-FEIRA

12:00 – Acionados pela sirene do Samu, um enfermeiro e dois técnicos de enfermagem correm para a sala de urgência. Não foram informados ainda da gravidade do caso, mas sabem que o paciente precisa de atenção. De dentro do furgão é retirada uma dona de casa de 32 anos. Ela sofre de uma crise de ansiedade. Apesar do atendimento do Samu, ela ainda está agitada e precisa ser medicada. Duas horas depois, já na sala de observação e mais calma, lembra dos momentos até chegar na UPA. “Estava fora de mim, comecei a quebrar coisas dentro de casa, assustei meu filho, que logo ligou pro Samu. Ele só tem 13 anos. Depois disso, não me lembro mais de nada”, relata. Na sua companhia está o tio, que conta que a sobrinha sofre de depressão. “Ela perdeu a mãe há um ano, brigou com o marido e está sem emprego. Não se conforma com a vida que leva”, lamenta ele.

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13:00 – Já na sala de aplicação de medicamentos, o clima não é tão tenso. Deitada em um dos sofás está a estudante Josiane da Silva, de 18 anos, aguardando o fim do soro anti-inflamatório, e em outro a mãe, a safreira Janete Borges da Silva. A jovem voltava para a casa, em Capão da Cruz, quando perdeu o controle da moto. Na queda, bateu com o peito na estrada cheia de pedras. Chegou na UPA com escoriações em quase todo o corpo e teve que levar cinco pontos no queixo. “Na hora, eu não conseguia nem gritar. Só me assustei quando vi que tinha bastante sangue no meu rosto”, recorda Josiane. Após ser liberada, começou a sentir dores no peito e resolveu retornar à UPA por volta das 13 horas. “Fui muito bem atendida e agora, com o socorro mais perto, fica mais fácil”, completa, agora sorrindo. Sem a unidade, ela teria que buscar ajuda no Pronto Atendimento do Centro.

14:15 – Ainda pouco conhecida, a UPA do Esmeralda teve seu pico de pacientes às 14h15, com apenas cinco pessoas na fila de espera. Uma delas era o encanador Gabriel Almeida, de 30 anos. Ele havia passado por uma cirurgia de emergência depois de um acidente de trabalho em Vera Cruz e precisava de uma prescrição médica. Saiu insatisfeito. “Falaram que não era aqui o local certo para pegar receitas. Com tanto médico aqui, o que custava?”, questionou Almeida. Enquanto isso, na sala de urgência vazia, a técnica de enfermagem Cássia Vieira, 28, de Rio Pardo, limpava os equipamentos. Ela está muito contente com o emprego na UPA. “Eu trabalhava em um hospital na minha cidade, mas não era contratada. Aqui sou funcionária.”

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15:03 – Dia sim, dia não, a aposentada Lucilda Barros Pereira, de 70 anos, caminha duas quadras de casa até a UPA para receber um medicamento à base de ferro, para anemia. Vem sempre acompanhada da filha, a safreira Fátima Jandre Pereira. As duas chegaram às 15h03 na UPA e às 15h09 já foram atendidas.

Enquanto recebia soro na sala de observação, Lucilda e a filha trocavam palavras para passar o tempo. “Tenho que limpar o banheiro ainda hoje”, disse dona Lucilda. “Não pode, mãe, a senhora tem que ficar forte primeiro.” O tempo custa a passar, mas quando o soro acaba, Lucilda levanta, coloca um sorriso no rosto, despede-se da enfermeira e sai com a filha rumo à casa da família.

16:00 – A auxiliar de higienização Jociane dos Santos, de 25 anos, trabalha em meio ao movimento de enfermeiros, técnicos de enfermagem, médicos e pacientes. Para manter os banheiros, corredores e salas sempre limpos, permanece durante todo o expediente com um pano ou a vassoura à mão. Mas, na cabeça, os pensamentos voam para longe. “Queria cuidar de crianças, ser pediatra”, revela. Mas considera esse sonho distante de sua realidade. Por isso pretende fazer um curso de informática. “Me arrependo de não ter feito faculdade. Na época, não tinha tempo e nem dinheiro. Mas não se pode parar, tenho que fazer alguma coisa para conseguir, quem sabe, algo melhor”, salienta, enquanto limpa um dos corredores da UPA.

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17:00 – O clima é de calmaria. Não há nenhum paciente esperando. Os atendentes conversam para passar o tempo e o porteiro caminha em torno do prédio. Na sala de emergência está somente o instalador de película Ricardo Vogt, 34 anos. Ele comenta que se surpreendeu com a unidade. “Tudo muito organizado, bem moderno. Acho que vai melhorar a saúde pública.” Na sala ao lado, de eletrocardiograma, dois auxiliares de serviços gerais retiram as portas, que precisam ser trocadas. “Elas ainda não têm a proteção de ferro que não deixa passar a radiação”, explica o auxiliar Roberto de Souza. Conforme a coordenação da UPA, apesar de previsto para a última segunda-feira, o raio-x não tem data para entrar em funcionamento.

18:00 – Sorridente, o porteiro Jorge Luis, 52, corre de um lado ao outro para auxiliar nas chegadas do Samu e receber pacientes. O novo emprego trouxe alívio para ele. “Eu estava há sete meses sem emprego. Essa vaga me trouxe uma tranquilidade que você não imagina.” A hora, porém, não permite muito papo – o movimento é intenso.  Cerca de 40 minutos depois, um senhor chega à unidade acompanhado da irmã e da filha. De roupão, José Católico Leal, 77, apresenta fraqueza e desânimo.

“Faz umas duas semanas que ele só queria ficar na cama e reclamava de dor”, comentou Édna Souza Leal. Não demorou 15 minutos para que o paciente fosse encaminhado a receber medicação na veia, a fim de reanimá-lo. Até o término da dosagem, Édna esperou com a tia no hall e aproveitou para tricotar. Uma hora e meia depois, seu Leal foi liberado. “Espero que ele volte a ter empolgação e toque violão para a família”, brincou Édna.

19:00 – Seis pessoas aguardam atendimento, mas a espera não demora mais do que 20 minutos. Neste momento, mãe, pai e quatro filhos ingressam na UPA. Acostumados a procurar atendimento no PA, no Centro, foram pela primeira vez à unidade. O motivo foi a enfermidade das duas filhas, Maria Eduarda, 15, e Ana Júlia, 14, uma com infecção urinária e a outra com virose. Moradores do Bairro Progresso, a vigilante Núbia Freitas e o técnico de segurança do trabalho Rodrigo Jaenisch comentam que agora ficou mais fácil procurar atendimento médico. No período das 18 horas até a meia-noite, o horário de maior pico se deu entre 19 e 20 horas.

20:00 – À medida que mais pacientes chegam à unidade, o clima de vizinhança rola solto. “Hoje eu vim inaugurar a UPA”, comenta uma moradora da Zona Sul com a amiga que encontrou no local. Por lá, é comum que o tempo de espera se transforme em bate-papo. A diarista Silvia Eliane Santos da Cruz, 48, por exemplo, acenou para uma amiga e por ali ficou entretida com as notícias na televisão. Procurou a unidade na noite de quarta em função de uma dor de garganta que se arrastava há dias. Satisfeita, após o atendimento saiu com a filha, com a agenda para o resto da noite já programada: passar na farmácia, voltar para casa e assistir à novela favorita.

21:00 – Dona Ortenila Padilha, 59 anos, já havia chegado com o filho adotado, Robson, 19, na UPA há cerca de uma hora. Após receber a medicação, o jovem é encaminhado para a sala de observação. Por lá, ela segura a mão do filho e faz carinho nele. “Ele diz que dói o coração, mas é dengo. Agora está mais calminho e logo, logo dorme”, conta enquanto reforça a camada de cobertas. Naquele mesmo dia, o rapaz sofreu uma crise de convulsões. “Faz uns quatro anos que esse quadro tem sido mais frequente. Tem vezes que eu mesma controlo, mas hoje preferi buscar atendimento”, disse. Quando situações como essa aconteciam, Ortenila costumava chamar um táxi e percorrer alguns quilômetros até o PA, no Centro. “Isso aqui caiu do céu. Agora não preciso mais gastar com deslocamento.”

22:00 – Após rápido pico de movimento, a UPA segue em ritmo de tranquilidade. Tempo em que o porteiro Luciano Ribeiro, 43, e o recepcionista Gabriel de Oliveira, de 20 anos, planejam qual será o cardápio da janta. Nem é preciso discutir muitas opções. Ambos já sabem que o tradicional xis será o protagonista do intervalo. A pouca circulação de pessoas naquele horário também permite algumas espiadas no jogo Brasil x Dinamarca, que acabara de começar.

23:00 – Em meio à tranquilidade, a repórter se vê obrigada a solicitar atendimento médico. O motivo é uma dor de garganta. Cadastro feito, a chamada para a sala de triagem acontece em cinco minutos. A responsável por verificar os sintomas e sinais como febre, pulso e pressão é a enfermeira Francielle Schaefer. Tudo é feito com equipamentos de última geração e o resultado é exibido no chamado monitor multipressão. Verificados os sinais (tudo estava 100%), a repórter volta para o hall e aguarda ter o nome exibido no monitor. Dois minutos e a médica Laura Canti chama. Por tratar-se de um caso simples, a avaliação é feita sem muitas delongas. São prescritos anti-inflamatórios e um spray anestésico. Os principais casos atendidos entre 18 horas e meia-noite foram hipertensão, pressão alta, infecções, dor de garganta e um de ansiedade. Foram 32 atendimentos.

QUINTA-FEIRA

00:00 – A madrugada começa fria e tranquila na UPA do Esmeralda. Logo após a meia-noite, a única pessoa na sala de espera é a mulher que aguarda o marido alcoolista. A luta contra o sono tem apoio da grande televisão, com os melhores momentos do dia olímpico no Rio, e de grandes doses de café. Permanecem trabalhando o porteiro e o recepcionista – os demais estão liberados para dormir até que seus serviços sejam necessários. Alguns dos pacientes atendidos ao longo do dia anterior são liberados. Por volta de 0h30, um jovem vai aguardar carona na frente da UPA. O forte frio da madrugada já incomodava e o porteiro indica um local mais protegido para esperar.

01:00 – A falta de pacientes, de acordo com os funcionários, é comum na madrugada. Apenas emergências movimentam a unidade antes do sol nascer. Tanta tranquilidade possibilita conversar com o pessoal sobre os casos atendidos ao longo de uma semana de UPA. Como o de uma mulher que chegou com insuficiência respiratória. O câncer já havia consumido um dos seus pulmões e a equipe da madrugada chegou a preparar os documentos de óbito. Porém, ela foi forte e aguentou até o outro dia. Na tarde, entretanto, a paciente faleceu. Foi o primeiro óbito na unidade.

03:00 – Com documentários sobre caçadores de ouro na TV, o sono começa a vencer. O recepcionista, que trabalha até as 7 horas, ganha um intervalo das 3 às 5 horas. Aproveita para dormir, já que, da UPA, vai direto à aula na Unisc. A faxineira do plantão noturno inicia o trabalho na recepção. A tarefa, conta ela, é bem mais tranquila que a anterior, no Hospital Ana Nery. Outros funcionários também vieram de lá. Por enquanto, comemoram o pouco movimento. Mas acreditam que logo isso vai mudar. A notícia de que o atendimento na UPA é rápido e eficiente deve se espalhar, atraindo mais gente.

04:00 – A espera pelo marido, somada às constantes doses de café e o forte sono, causa momentos de apreensão na sala de espera da UPA. A senhora que aguardava sente a pressão arterial subir e avalia pedir atendimento. Mas logo se acalma, sentindo-se melhor. Em diversos momentos da madrugada, conta histórias sobre o marido e chora. Pensa, em certos momentos, em ir embora, mas acaba decidido esperar o homem acordar. O frio, nesta altura da madrugada, aumenta. O vento que entra pela porta aberta da unidade apenas torna a silenciosa espera ainda mais longa. Os documentários se repetem na televisão e as histórias que os funcionários contam chegam ao fim. Todas as luzes estão apagadas – exceto a da sala de espera.

 05:15 – Até este momento, no monitor que chama os pacientes para o consultório, o nome que aparecia era o da repórter que solicitou atendimento antes da meia-noite. Mas, por volta das 5h15, um carro estaciona na frente da unidade. Um idoso que dirigia o veículo sozinho desce sem falar nada. Solicita atendimento e rapidamente é encaminhado para a sala. Em instantes, enfermeiros e o médico são acordados. O idoso, morador do Esmeralda, não sentia-se bem. Ele logo foi medicado e deixado em observação. Com problemas pulmonares, recebe oxigênio e acaba liberado na metade da manhã.

06:00 – O dia amanhece frio e demora a clarear. Egon Rafael Schuck e Danieli assumem a recepção e começam a organizar a papelada: conferem os prontuários da noite que passou e deixam tudo pronto para os atendimentos que estão por vir. Revezam-se os médicos plantonistas e o porteiro. Na sala de medicação, quatro técnicos em enfermagem repõem os materiais que foram utilizados de madrugada, com a ajuda da auxiliar de farmácia. Tudo em ordem. A primeira paciente que chega é moradora antiga do Bairro Esmeralda. Marilene Salette da Silveira reside há 35 anos na Rua Camaquã, a três quadras da unidade de saúde, e há 24 trabalha na Emei Vovô Arno, no mesmo bairro.

Desconfiada com a pressão arterial, devido a dores que vinha sentindo na cabeça e na nuca nos últimos três dias, avisou no trabalho que se atrasaria e decidiu ir ao médico. Apesar do atendimento rápido – 15 minutos entre a chegada na unidade e a aplicação da medicação – passou na UPA mais tempo do que esperava, já que a suspeita de pressão alta se confirmou. Além disso, a professora acabou descobrindo uma alteração nos níveis de glicose, já em patamar de diabetes. Após a medicação, Marilene foi orientada a permanecer no local por mais uma hora, para garantir que a pressão se estabilizaria. “Foram muito atenciosos. Às vezes, receber um carinho assim até ajuda a gente a melhorar, né?”, avalia. Às 8h40, Marilene deixou a UPA com a pressão estabilizada e uma receita médica em mãos.

07:00 – O segundo paciente do dia chega pelas 7 horas, comparecendo à unidade pela segunda vez. No último sábado, seu Arnildo já esteve por lá, sentindo-se mal, e recebeu uma injeção. Dessa vez, foi uma febre durante a noite que trouxe o morador do Bairro Santo Antônio para a UPA. Por volta das 7h15, entrou no consultório médico, de onde foi para casa após receber medicação. Sem novos pacientes nos minutos seguintes, é possível conversar com uma das equipes responsáveis pelo funcionamento da UPA: os técnicos em enfermagem Cristiane, Éder, Everton e Rocieli. Em escala semanal, eles se dividem no turno da manhã entre observação, medicação e coleta de materiais para exame. Cada qual com a sua história, hoje os quatro estão unidos através da paixão pela enfermagem e diariamente trocam os conhecimentos adquiridos entre si, formando uma equipe forte e bem preparada.

08:15 – Kellen Correa da Silva chega com a filha Brenda, 7 anos, por volta das 8h15, após ter passado no Posto de Saúde ao lado da UPA. No posto, a menina, que agora ensaia um choro por causa das dores de garganta, teria que esperar até as 10 horas para ser atendida. Na UPA, foram 15 minutos entre a triagem e a medicação. “O atendimento foi bem rápido, e como a gente mora perto, não ter que ir até o Hospitalzinho ou o Cemai facilita”, comenta a mãe. A segunda criança do dia chega arrancando sorrisos. Ângelo Oscar Costa da Silva tem 3 anos, mas fala com propriedade de um adulto: apresenta-se aos recepcionistas com um enfático “olá” e pede para ver o “doutor”. A mãe, Carla Luiza Costa, explica que o pequeno sente dor ao urinar. “Ontem ele consultou no Cemai e não apareceu nada nos exames, mas continua com dor”, explica. Com uma pedra avermelhada em mãos que ele explica se tratar de “um ovo de dinossauro”, Ângelo entra no consultório após cinco minutos de espera e sai em seguida, já com uma receita.

09:00 – Sérgio Treib da Rocha, 59 anos, e Teresinha da Rocha, 53, chegam à unidade. Em uma semana, Sérgio é o terceiro membro da família, formada por quatro pessoas, que será atendido na UPA. O motivo é um incômodo no olho, possivelmente um cisco. Teresinha consultou sábado, quando sofreu uma crise de labirintite, e a filha dela veio na segunda. A conversa com o casal é interrompida pelo barulho do monitor: é a vez de Sérgio entrar na sala do médico. Quando retorna, já com um curativo no olho direito, elogia o atendimento. “Foram muito rápidos e atenciosos.” Portador de doença pulmonar crônica, ele sempre precisava se deslocar ao Centro quando sofria alguma complicação. Agora que conhece a UPA, diz que voltará sempre que precisar.

10:00 – O silêncio é interrompido pelas sirenes do Samu. A bordo, uma paciente que estava trabalhando em uma empresa no Distrito Industrial e começou a sentir falta de ar. Preocupados, os supervisores chamaram socorro. Após ser examinada por Kelly Tatsch Zambarda, uma das médicas plantonistas do turno, descobre-se que a sensação de sufocamento sentida pela paciente veio de uma crise de ansiedade, gerada pela descoberta de que o filho estaria doente. Acompanhada, ficou em observação após receber remédio e foi liberada quando passou a se sentir melhor. O procedimento executado, segundo Kelly, foi bem tranquilo. “Verificamos os sinais vitais, estabilizamos a paciente e aplicamos a medicação.”

11:00 – O movimento está tranquilo, bom para conversar com o porteiro do turno, Leandro de Freitas Mello. Aos 43 anos, ele trocou o trabalho de escolta armada pela portaria. Há quatro anos, teve um dedo amputado após uma tentativa de assalto, enquanto fazia uma escolta em Minas do Leão. Desempregado nos últimos meses, teve ajuda da esposa para conseguir a vaga na UPA. No mesmo dia em que ela mandou o currículo, Leandro foi chamado e contratado. A conversa acaba quando o movimento começa a aumentar: por volta das 11h25, a UPA tem seis pacientes esperando, o maior número nesse turno. Ao todo, 22 pessoas foram atendidas no período. Quando ir na UPA? A UPA foi construída para realizar atendimentos pré-hospitalares de urgência e emergência: febre persistente, diarréia e vômitos, dores de cabeça e abdominais intensas, ferimentos com sangramento, dor no peito, crise convulsiva e falta de ar, entre outros. Pacientes com sintomas que não se encaixam nesses quadros, ou seja, podem esperar por atendimento, devem buscar as unidades básicas de saúde, nos bairros.

Quando ir na UPA?

A UPA foi construída para realizar atendimentos pré-hospitalares de urgência e emergência: febre persistente, diarréia e vômitos, dores de cabeça e abdominais intensas, ferimentos com sangramento, dor no peito, crise convulsiva e falta de ar, entre outros. Pacientes com sintomas que não se encaixam nesses quadros, ou seja, podem esperar por atendimento, devem buscar as unidades básicas de saúde, nos bairros.

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