Conquista para gestores da saúde pública e comunidades antes desassistidas, o Mais Médicos completou três anos neste mês, com algumas questões ainda discutidas em relação ao seu prosseguimento. Uma delas é que secretários municipais tentam garantir junto ao Ministério da Saúde a permanência de profissionais cubanos – o grande diferencial do programa –, preenchendo lacunas, sobretudo, no atendimento do interior. Apenas em municípios que integram a 13ª Coordenadoria Regional da Saúde (CRS), 17 estrangeiros prestam atendimento diário à população.
Conforme o presidente do Conselho das Secretarias Municipais de Saúde (Cosem-RS) e secretário de Saúde de Canoas, Marcelo Bósio, a reivindicação já foi encaminhada ao governo federal, que agora precisa entrar em acordo com a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas). “A falta de médicos tem sido a maior dificuldade para os municípios. Queremos garantir os atendimentos e suprir comunidades carentes com a permanência de médicos cooperados”, comentou. Segundo ele, a chegada de cubanos possibilitou a fixação de profissionais em localidades mais distantes de grandes centros.
Ele afirma que a solicitação dos gestores é que, se não for possível a renovação de contratos – com duração de três anos –, seja feita a reposição dos profissionais. “Em relação aos médicos brasileiros do programa, fica a critério deles continuar ou não, mas quanto aos estrangeiros, depende ainda de regulamentação com a Opas.” A renovação dos contratos dependeria ainda, porém, da disponibilidade dos cubanos e da escolha deles. A prioridade do governo, conforme Bósio, seria o preenchimento do Mais Médicos com brasileiros. Entretanto, enquanto o programa não se sustentar dessa forma, a saída seria manter profissionais de fora do País.
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Fim de um ciclo
À espera do encerramento do contrato, Inês Maria Paz Leivas, de 49 anos, não vê a hora de poder voltar para o convívio em família, na cidade de Colón, em Cuba. Ela, que chegou a Santa Cruz do Sul em abril de 2014, conta que se inscreveu no programa por solidariedade ao Brasil e em busca de qualificação profissional. “A população brasileira precisava de atendimento na saúde. Vim pela medicina e pelo crescimento.”
Embora já tenha se adaptado ao idioma e à comunidade local, ela não tem interesse em permanecer no Brasil após o período do contrato. Apesar de ansiosa pelo retorno à Cuba, a médica se disse satisfeita com a experiência proporcionada. A simplicidade de se deslocar diariamente de ônibus, por quase dois anos, para a Estratégia de Saúde da Família (ESF) de Boa Vista também não foi empecilho para ela, que reconheceu a gratidão dos moradores assistidos pela unidade, que enfrentava dificuldades para manter profissional fixo.
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