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Legião Estrangeira

O santa-cruzense realizado como legionário

As decisões de servir ou não ao Exército e de, posteriormente, seguir carreira militar, são de grande importância na vida de milhares de jovens brasileiros. Muitos optam por este caminho, que não é fácil, mas que costuma ser repleto de glórias, méritos e orgulho. Porém, alguns rapazes decidem por um rumo diferente, este ainda mais complicado. Eles servem a uma outra nação. Atravessam o oceano para alistarem-se a uma lendária corporação que reúne membros de diversas nacionalidades. Trata-se da Legião Estrangeira Francesa e é por ela que o santa-cruzense Everton Doerr, de 29 anos, tem lutado nos últimos três anos.

Passando férias em Santa Cruz do Sul, o atirador de elite da corporação francesa parece ter acertado nesta decisão. Apesar das dificuldades, se diz realizado pelo trabalho dos últimos anos. Inclusive aproveitou a temporada em casa para fazer uma tatuagem, marcando na pele a opção que acabou tornando-se uma paixão: Legião Estrangeira. “Eu sempre quis ser militar. Sabia da legião por ter parentes que moram na França. Depois de servir no Brasil, me informei e fui servir lá”, conta.

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Mas para entrar na corporação, a trajetória de Everton não foi nada fácil. “É muito puxado. Passamos por diversos testes físicos e psicológicos. Tem que querer muito. Se a pessoa não for realmente focada no seu objetivo, não vai conseguir”, afirma o legionário. E é claro que todo esse esforço acaba sendo recompensado. Os soldados da legião lutam por dinheiro, recebendo mensalmente um bom salário em euros. Além disso, Everton teve a oportunidade de conhecer diversos lugares da Europa, África e Ásia nestes três primeiros anos de serviço. “Ajudamos países que a França mantém relação. Geralmente as missões são em locais que passam por conflitos, ataques terroristas, guerras ou outras dificuldades.”

E falando em terrorismo, a Legião Estrangeira precisou servir à própria França no ano passado, quando Paris sofreu terríveis ataques. “Eu estava de férias na época. Eles chamaram todos para retornarem o mais rápido possível. Ficamos dentro do regimento em alerta 24 horas por dia”, relembra Everton. Depois desse dia, conta, a corporação passou a aumentar consideravelmente o número de soldados. Hoje chega a quase 9 mil pessoas. Ele explica que após as missões mais longas em países que passam por conflitos, os soldados costumam receber férias. Assim, ele pode voltar ao Brasil e reencontrar os familiares. Mas, apesar da saudade de casa, seu objetivo é continuar. “No alistamento, assinamos um contrato de cinco anos com a Legião. Como o meu já passou da metade, tratei logo de renová-lo para mais três anos.”

A Legião Estrangeira Francesa tem 12 regimentos, explica, cada um com uma função diferente. Everton está na infantaria, trabalhando como atirador de elite. Para o orgulho de seus familiares, ele foi por dois anos escolhido o melhor em sua área. Mas, apesar de estar realizado, ele recomenda muita cautela para quem pensa em seguir o mesmo caminho. “Tem que pensar bastante. Não é fácil. E, depois que se entra, tem que cumprir o contrato de cinco anos. O único jeito de escapar é desertando, fugindo da França. Mas, se a pessoa gosta mesmo e está certa disso, eu recomendo.”

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