O aumento do tempo de espera de pacientes por atendimento oncológico na região concentrou a pauta da assembleia da Associação dos Municípios do Vale do Rio Pardo (Amvarp) nesta quinta-feira, em Santa Cruz do Sul. Os prefeitos estão preocupados com a fila no Hospital Ana Nery, referência regional no tratamento do câncer, que passou de 30 dias para uma média de 100 dias. O hospital, por sua vez, justifica a espera por conta da dificuldade econômica resultante dos atrasos de repasses de verbas dos governos estadual e federal.
O presidente da Amvarp e prefeito de Venâncio Aires, Airton Artus, solicitou um levantamento, nos 15 municípios que compõem a entidade, sobre o número de pacientes na fila de consulta e o tempo que estão aguardando. “Os municípios estão extremamente preocupados com o atraso na marcação da primeira consulta e também com o atraso no início dos procedimentos naqueles pacientes cujo diagnóstico já foi feito”, afirma Artus. “Nós compreendemos as razões do hospital e sabemos que hoje a saúde tem um subfinanciamento, mas nem por isso essa justificativa nos serve. Nós somos obrigados a agir.”
Após a coleta das informações com cada Secretaria de Saúde, a Amvarp vai formalizar um documento, que será enviado ao Ana Nery, demonstrando a preocupação dos municípios com a atual situação. De acordo com Artus, o objetivo não é entrar em conflito com a instituição de saúde, mas buscar soluções. “Queremos, num primeiro momento, manter um canal de comunicação com o hospital, ajudar nos repasses, buscar emendas com os nossos deputados, mas também, paralelamente, pensar em alternativas com a ação mais incisiva do poder público.” Para Airton, uma das opções para o futuro seria a implantação de um centro oncológico público para o atendimento de todos os municípios da região.
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EDUCAÇÃO
Na reunião desta quinta-feira, os prefeitos da Amvarp também decidiram pela manutenção do convênio do Programa Estadual de Apoio ao Transporte Escolar (Paete), pelo qual o governo do Estado realiza os repasses para custear o transporte dos estudantes do ensino médio que dependem do deslocamento para chegar até as escolas. Como os atrasos na destinação das verbas têm sido frequentes nos últimos meses, os municípios cogitaram o rompimento do acordo, a exemplo do que fez a Prefeitura de Encruzilhada do Sul, para forçar o Estado a assumir o serviço por conta própria.
Ainda na área da educação, a Amvarp deve dedicar uma reunião, nos próximos meses, para discutir formas de reduzir gastos com a rede municipal sem prejudicar a qualidade do ensino. Os municípios farão um levantamento sobre o custo mensal por aluno. O tema foi levantado pelo prefeito de Rio Pardo, Fernando Schwanke. “Temos que entrar nesta discussão. Em Rio Pardo temos escolas no interior em que o custo por estudante é de R$ 1,3 mil por mês. Seria mais barato comprar uma vaga na rede particular. Precisamos reorganizar a gestão”, alerta Schwanke.
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ELEIÇÃO
A próxima reunião da Amvarp será no dia 2 de dezembro, quando será eleito o presidente da entidade para 2016. Caso não surja outra chapa inscrita até lá, a tendência é de que o prefeito de Passo do Sobrado, Caio Baierle, do PT – respeitando o acordo feito ainda em 2013, sobre a divisão baseada na representação partidária dentro da associação –, seja conduzido à presidência, sucedendo Airton Artus, do PDT. Baierle é atualmente o primeiro vice-presidente.
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