Milton Nascimento já cantava: “Nada será como antes”. E Bituca tinha toda a razão. Tudo muda, move-se para frente, sob o comando da força invencível do tempo. Em Magnífica 70, série nacional do canal por assinatura HBO, o salto de um ano e meio na trama deixada estática no fim da primeira temporada causa impacto. Quem se odiava, agora se beija, quem hesitava, agora tem certeza – isso sem contar os novos problemas com drogas da protagonista vivida por Simone Spoladore, a atriz Dora Dumar.
A segunda temporada, que estreia neste domingo, 2, às 22h, traz de volta os personagens que guiam a produtora de cinema Magnífica 70, localizada na Boca do Lixo, em São Paulo, nos duros anos da ditadura, na década de 1970. O trio formado por Vicente (Marcos Winter), Manolo (Adriano Garib) e Isabel (Maria Luísa Mendonça) está mais unido e insano do que nunca.
O impacto da mudança quebra entendimentos preestabelecidos. A série retorna 18 meses depois do fim da temporada de estreia e entrega um episódio piloto no qual o telespectador terá que lutar para manter o equilíbrio. “O primeiro episódio é assustador”, concorda Garib, cujo personagem, o metido a macho alfa Manolo, tem um ataque de nervos que o impede de filmar uma cena. E é o então vacilante Vicente, o antigo censor da ditadura que decidiu se aventurar como diretor de cinema marginal, que, aos trancos, põe Manolo no rumo. “Vamos saber o que aconteceu com esses personagens no período de um ano e meio pelos flashbacks”, diz o ator.
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Magnífica 70, a série, já nasceu com a ideia de não terminar no fim da primeira leva de episódios. “Nossa ideia é que o conteúdo tenha mais temporadas”, explica Maria Angela de Jesus, produtora da série e vice-presidente de produções originais da emissora na América Latina. “O que buscamos são séries que tenham potencial e volume para serem continuadas. Isso não quer dizer que tenhamos cinco temporadas já escritas e planejadas. Isso limitaria as mudanças na segunda temporada.”
O contexto histórico, a ditadura militar, foi levado para o primeiro plano em vários momentos na primeira temporada, algo que deve se repetir no novo ano. Vicente, o censor, une esses dois mundos tão distintos. “É a reconstrução de uma época e, ao mesmo tempo, é uma trama muito atual”, analisa Maria Luísa, a intérprete de Isabel, uma das sócias da produtora Magnífica 70. “Existe um anacronismo. Porque discutimos questões dos anos 1970 Falamos de seres humanos, de mulheres que ganham menos do que os homens, que são mutiladas, há aqui um monte de questões como essas. Esse período foi muito duro para aqueles que passaram por isso, que foram torturados, que tiveram conhecidos que desapareceram ou foram exilados e pouco se fala sobre isso. E é algo recente”, continua a atriz.
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A história de Vicente iniciou a história de Magnífica 70, mas a trama cresceu e os personagens secundários, caso de Isabel (de Maria Luísa) e Manolo (Garib), evoluíram com isso – os três personagens, inclusive, são sócios da produtora. “Existe algo de família unida entre eles, algo meio (Pedro) Almodóvar, mesmo durante as brigas”, informa Maria Luísa. A produtora da série concorda: “Eles, definitivamente, se amam muito. E, quando se juntam, fazem muita coisa. Fazem besteira, mas muita coisa boa também. Esse é o tema dessa nova temporada”, afirma Maria Angela
Por isso, a estranheza ao ver cada um dos três personagens em lugares tão diferentes dos que eles estavam no episódio derradeiro da primeira temporada. “As coisas vão ficar estranhas”, garante Garib. Maria Luíza conclui: “É como disse Caetano Veloso: ‘De perto, ninguém é normal’”.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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