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Coluna

Jane Berwanger: e quando você tem que falar sobre o que não sabe

Na coluna mais recente, eu escrevi sobre as situações em que a pessoa se manifesta sem conhecimento de causa, quando tenta ajudar e por vezes atrapalha, quando a pessoa acha que uma consulta no Google resolve qualquer problema, desde uma consulta médica até saber se tem direito a algum benefício. Manifestei, naquela ocasião, que quando a pessoa não entende do assunto pode causar prejuízos.

Hoje vou tratar das situações em que, por força da profissão ou do ofício, como se diz, não há como se esquivar de dizer algo. Uma dessas situações é quando o juiz tem que julgar. Ele fez concurso para assumir a função e recebeu ações para apreciar. Ele não pode dizer: não sei.

Certo é que ninguém sabe tudo. Nem que estuda o assunto o tempo todo. E isso não é um problema. Não saber, não conhecer todas as situações, não é ruim. É natural. É péssimo a pessoa achar que sabe ou simplesmente “chutar” a informação. Isso dói.

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Vou usar algumas situações para explicar melhor. Exemplo 1: um servidor público que entendeu que 88 mil metros quadrados de terra seriam 88 hectares, quando na verdade são 8,8. Exemplo 2: um juiz que entendeu que 10 toneladas de soja seriam uma quantidade enorme, grande produção, quando se precisa menos de 5 hectares de terra para isso (numa safra normal). Exemplo 3: a juíza que achou que a agricultora não fazia esforço físico porque tinha uma “máquina de tirar leite”. São situações em que seria muito interessante se a pessoa tivesse investigado um pouco mais. Se tivesse buscado informações em sites confiáveis para ver como é de verdade, talvez não tivesse errado tão feio.

Como não errar? Ou como não errar tão feio? Estudar. Não ser presunçoso, não achar que sabe tudo. Importar-se com a verdade e com as consequências. Isso vale para qualquer área. Um médico, que já tem um conhecimento básico sobre a saúde e as doenças, tem absoluta tranquilidade em orientar que o paciente procure por um especialista, por alguém que estudou mais determinado assunto. E aqui está o pontochave: saber que não sabe, ou seja, ter consciência de que, para aquele problema específico, é necessário investigar mais.

O maior problema de alguém decidir sem saber é quando ele acha que sabe, quando a ignorância é tamanha que não consegue nem se dar conta de que aquela circunstância que ele tem por verdade pode ser diferente. O chamado “benefício da dúvida”. Valeria, muitas vezes, a pergunta: “será que é assim?”.

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Qual a chave para a solução? Primeiro, se você não é médico, não se meta no assunto, não opine sobre doenças, não corra o risco de causar mais danos a outra pessoa se manifestando sobre algo que você não tem nem o conhecimento mais básico. Segundo, se você tem algum conhecimento, se você precisa decidir ou dar informação, pergunte-se se sabe tudo que precisa saber. Na dúvida, estude mais. Não se contente com o “tenho pra mim que…” ou “na minha convicção…”. Direitos (no mais amplo sentido) de outras pessoas podem estar em jogo. Isso é sério demais para você se contentar com o achismo.

LEIA MAIS: Jane Berwanger: tem certeza?

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