O produtor rural Giovane Luiz Weber, influenciador digital, colunista da Gazeta do Sul e comunicador da Rádio Gazeta FM 107,9, deslocava-se para tarefas na propriedade rural em que reside com a esposa Louvane e a filha Giovana, ao lado dos pais, seu Aloísio e dona Rosa, em Cerro Alegre Alto, no interior de Santa Cruz do Sul, na manhã desta segunda-feira, 29, quando se deparou com um par de olhos arregalados mirando-o a partir da mata junto à estrada de roça. Parecia ser uma coruja, mas muito maior do que as aves normais da espécie, que ele conhecia, e acompanhava atentamente seus passos.
“Pouco antes reparei num vulto grande que passou voando, e que até me deu susto pelo tamanho da sombra”, diz. Como estava com o celular à mão, Giovane se apressou em fazer fotos e até um vídeo. Como não fez movimentos bruscos, a ave permaneceu sentada no mesmo lugar, num galho, a quatro ou cinco metros de altura, meio camuflada entre a folhagem, pelo tom de suas penas. E refere que ela torcia a cabeça em 360 graus, olhando para todos os lados.
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“Pelo que percebi, acho que era um casal, pois outra ave se mexia entre as folhas, e já tinha voado. Mas esta ficou um bom tempo me espiando”, comenta Giovane, que costuma deixar-se mover pela curiosidade em suas andanças no meio rural em todo o sul do Brasil. Intrigado por qual espécie de coruja poderia ser, enviou as imagens à Gazeta do Sul. “Nunca, em toda a minha vida, tinha visto essa ave por aqui, e nem ouvi outras pessoas comentando sobre ela”, frisa.
“Por isso, logo me chamou a atenção, e foi mesmo uma emoção encontrar uma ave deste tamanho aqui na propriedade”. Ele lembra que durante o verão, no período de colheita de tabaco, é comum na região ouvir-se, alta madrugada, o canto lúgubre, até assustador, de alguma ave. “Uma vez que o canto é muito forte, já não duvido se não é desta coruja”, comenta.
A Gazeta do Sul enviou as fotos feitas por Giovane para o biólogo Andreas Köhler, professor do Departamento de Ciências da Vida da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc). Köhler prontamente reconheceu na ave um exemplar da espécie jacurutu, de nome científico Bubo virginianus. “É a maior coruja que existe no Brasil e uma das maiores das Américas”, informou.
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Como lembra, é muito difícil de ser encontrada, e ainda mais fotografada, durante o dia. De hábitos noturnos, sai a caçar à noite e retorna para seu ninho, numa toca em árvore ou outro esconderijo, ao amanhecer. Como Weber seguia cedo para a lavoura, flagrou essas aves ainda retornando à floresta.
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“Além do grande porte que esta espécie tem, ela se destaca pelas falsas orelhas que tem em cima da cabeça”, menciona Köhler. “Normalmente vive em áreas abertas, e pode ser encontrada em capões e matas, no cerrado e em áreas campestres. Muito grande, e assim parece muito poderoso, é um predador que caça outras aves e pequenos roedores.”
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O biólogo cita que a espécie não é muito comum, raramente sendo vista, mas ainda não está ameaçada de extinção. “Aqui no Rio Grande do Sul ela vive principalmente escondida, porque é ativa somente ao anoitecer. E por isso esse relato é muito interessante porque ela quase sempre se esconde em tocas de árvores ou dentro da mata mais escura e mais fechada, e somente durante a noite voa para caçar.”
A jacurutu tem mais de 50 centímetros de altura, até 60 centímetros, quando ereta, e pesa mais de um quilo, até cerca de um 1,5 quilo. Também é chamada de corujão-orelhudo, mocho-orelhudo ou corujão-da-virgínia. Ela ocorre da América do Norte até a Terra do Fogo, no extremo meridional da América do Sul.
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