Com a radiação solar cada vez mais forte nos primeiros meses do ano, a campanha Dezembro Laranja, agora chamada de Verão Laranja, foi estendida até abril. Em Santa Cruz do Sul, a Associação de Apoio a Pessoas com Câncer (Aapecan) organiza ações de conscientização e prevenção do câncer de pele durante todos os meses de sol mais intenso. Uma das preocupações é a situação dos trabalhadores do campo, que atuam sob exposição solar e nem sempre utilizam proteção.
Conforme a assistente social da Aapecan, Cláudia Lunardi Fernandes, a ideia é mobilizar a população com tendas informativas nos lugares permitidos e com o mínimo de contato. Outra iniciativa da entidade é a distribuição de protetor solar em empresas.
“Estamos nos articulando para que possamos levar o material até esse funcionário, em especial os que trabalham ao ar livre, diretamente com exposição”, explicou. No ano passado, em razão da pandemia, a maioria das atividades foi realizada online, com lives e reuniões, e esse formato deve ser mantido em 2021.
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A principal recomendação da campanha é reduzir a exposição desprotegida ou exagerada ao sol, especialmente entre as 9 e as 15 horas. “Queremos que se crie o hábito de usar protetor solar, não só neste momento de intensidade, mas que seja prática comum quando sair de casa”, disse Cláudia.
O filtro solar deve ter fator de proteção superior a 30. Para pessoas de pele mais clara, o ideal é utilizar protetor com fator 50 ou 70, além de óculos, chapéus ou sombrinhas. A radiação ultravioleta causa danos à pele como envelhecimento precoce, perda da elasticidade, rugas, manchas, diminuição de colágeno, e está relacionada a cânceres de pele, como o melanoma e o carcinoma.
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“Achei que era uma coisa sem importância
Em 2016 a professora aposentada Estela Maria Garra Vivian, de 63 anos, estava de férias e procurou o médico para um problema nos braços, quando acabou descobrindo a doença. “Eu tinha um sinal no pé, bem escuro, que foi deformando e ficando cheio de raias ao redor, aumentando. Ele ficou grande e mudou de lugar. O doutor queria verificar, eu pensei, vou deixar que ele tire o sinal nas férias e quando voltar a trabalhar já estou bem”, conta.
A moradora de Caçapava do Sul iniciava ali, sem saber, a batalha contra o câncer. Após a cirurgia, o material foi encaminhado para uma biópsia que apontou melanoma, um tipo de câncer de pele. “Eu nem liguei, achei que era uma coisa sem importância, e depois veio o resultado.”
A partir dali foram cirurgias, um enxerto de pele, uma infecção. Em 2018 o problema voltou, desta vez na virilha, o que exigiu uma tomografia do tipo PET-CT, a qual indicou que o melanoma já havia chegado na pelve. Diante disso, foram necessárias uma nova cirurgia e quimioterapia.
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No ano passado, Estela passou a sentir dores nas costas. Ela foi encaminhada para quimioterapia em Cachoeira do Sul, e um novo exame revelou outros melanomas no quadril, na barriga e na perna. O tratamento com radioterapia é feito em Santa Cruz do Sul. A aposentada vem para o município e fica hospedada na Casa de Apoio da Aapecan.
Ela conta que não tinha o hábito de pegar sol, mas vem de uma família de pele clara, o que pode aumentar as chances de ter a doença. Agora Estela busca na Justiça um medicamento para o melanoma e espera se recuperar totalmente para cuidar da mãe.
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Dicas de proteção
- Evite exposição solar e procure permanecer na sombra entre as 10 horas e as 16 horas.
- Utilize guarda-sol ou barracas de algodão ou lona, que absorvem 50% da radiação ultravioleta e protegem mais do que o de plástico. Mas como a areia reflete a radiação, mesmo à sombra é preciso usar filtro sola.
- Use diariamente filtro solar com fator de proteção solar (FPS) 30 ou maior.
- Consulte o dermatologista ao menos uma vez por ano.
- Proteja sua pele utilizando chapéus ou bonés.
- Proteja os olhos com óculos de sol.
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