Em meio às turbulências de um ano marcado pela pandemia , algumas lembranças serão inevitáveis: o distanciamento social, o uso de máscara e os riscos por toda parte. Na casa da professora aposentada Helena Maria Gassen Etges, em Rincão Del Rey, no interior de Rio Pardo, uma tradição de família ajudou a, de certo modo, aliviar as tensões e reforçou os sentimentos de união, carinho e gratidão.

Ao misturar farinha, ovos, mel, farinha, gengibre, açúcar mascavo e um punhado de sal amoníaco, conforme a receita que via a mãe preparar, Helena repetiu o gesto, desta vez ao lado da neta Marcela. Com 2 anos e meio, a menina mora com os pais em Porto Alegre, mas passou alguns dias na casa da vovó e teve a oportunidade de auxiliar na produção.

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Como uma grande brincadeira na qual a massa aromatizada pelas especiarias ganhou forma de estrelas, pinheiros e os famosos bonecos de gengibre, as duas passaram horas na cozinha em perfeita sintonia. Enquanto a vó se encarregava do preparo da receita, cozimento dos biscoitos no forno e também do glacê, a ativa Marcela recortava os símbolos natalinos e ajudava na decoração. “Ela ia jogando os confeitos e dizendo que um biscoito era para o papai e o outro para a mamãe”, emociona-se a vovó, orgulhosa da ajudante que deixou os pais na Capital para desfrutar do sossego do interior.

Se para Helena este foi um momento que reavivou memórias, para a menina não foi diferente. Na temporada em Rincão Del Rey, além dos biscoitos, a pequena correu, brincou, viu os animais e se divertiu com coisas simples. “Minha mãe fazia biscoitos comigo. Eu fiz com os filhos Camila e Ricardo e agora tive a felicidade de estar com minha neta neste momento. As receitas podem até mudar, mas a essência do Natal, o carinho e união resistem ao tempo e se fortalecem”, define a professora, que se aposentou após 37 anos de trabalho. Na escola, embora tenha desempenhado funções diretivas, conta que costumava realizar atividade semelhante junto aos alunos em datas comemorativas.

O Natal inesquecível de Helena é em companhia da neta, que veio com os pais para comemorar em família ao lado dos avós e bisavós. Os cuidados, especialmente com as matriarcas, serão reforçados. Embora sem a intensidade dos abraços, Helena frisa que essa situação totalmente nova não deve ser motivo para esquecer o que realmente importa. Pelo contrário, acredita que tudo o que aconteceu nos últimos meses foi uma forma de ressignificar gestos e atos, valorizando a proteção e o amor. “São transformações que vieram para fortalecer a essência do ser humano e preservar a vida, mas sem interferir no carinho. É neste momento que devemos refletir sobre o que realmente importa em nossas vidas.”

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