Construído com o apoio da comunidade santa-cruzense, o Santuário de Schoenstatt, em Santa Cruz do Sul, comemora 43 anos nesta sexta-feira, 11. Para os schoenstattianos, o local é sagrado, escolhido pela própria Mãe e Rainha e Vencedora Três Vezes Admirável para ser um elo entre a comunidade santa-cruzense e a fé cristã.
Localizado na margem oeste da BR-471, a pedra fundamental da obra foi lançada em 29 de maio de 1977. A ocasião é lembrada com orgulho pelo schoenstattiano Rudolfo Etges, de 85 anos, que auxiliou na construção. “Foi algo que apareceu de repente, fui voluntário. Minha firma, a Assmann S/A, encampou a obra”, relembra Rudi, como é conhecido pelos amigos.
Diretor da empresa Assmann, onde trabalhou por 44 anos, até sair em 2000, ele conta que foi influenciado a entrar no movimento por sua esposa, Cecília Etges, com quem completou 60 anos de casado em 2020.
Publicidade
LEIA MAIS: PODCAST: o que pode acontecer com o Santuário de Schoenstatt
O trabalho de Rudi era administrar a obra. Ele foi responsável pela compra dos materiais, adquiridos pelo Movimento de Schoenstatt e com doações da comunidade. A primeira construção foi a cerca, com postes de cimento e cinco fios de arame farpado, o material foi adquirido pela comunidade. “A primeira coisa a construir foi o Santuário. Naquela época, não tinha acesso lá. Havia o acesso à vila, na parte de trás. Por aquela ruazinha nós abrimos a entrada. Era tudo um banhado. Até um trator de esteira afundou ali. O Daer (Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem) nos deu uma ajuda para tirar.”
A primeira missa foi rezada com o local ainda em construção, no dia 22 de julho de 1977, segundo as anotações de Cecília. Na semana anterior à inauguração, ela lembra que os santa-cruzenses aguardavam com expectativa. “Foi uma ocasião solene. Muita gente veio de outras cidades, até de fora do Estado, para acompanhar.”
Publicidade
Direto da Alemanha, esteve na solenidade o representante do Movimento de Schoenstatt, Bernhard Brenner. Às 10 horas do dia 11 de dezembro de 1977, começou a romaria, que saiu do entroncamento da BR-471 com a ERS-409, estrada que dá acesso a Vera Cruz.
LEIA MAIS: Helena propõe melhorar segurança para manter santuário
A missa campal foi celebrada pelo bispo Dom Alberto Etges. A edição do jornal Gazeta do Sul de 13 de dezembro registra o fato: “Após a missa, Dom Alberto Etges abençoou o Santuário, dando por inaugurado o sexto centro de romarias no país, erguido pelo Movimento Apostólico de Schoenstatt”, citava a matéria, ilustrada com uma foto de Dom Alberto Etges enquanto o religioso abençoava o Santuário.
Publicidade
A publicação também registra a presença do padre Irineu Trevisan, diretor nacional do Movimento de Schoenstatt e do bispo santa-cruzense Dom Henrique Froehlich, que na época atuava em Diamantina, no Mato Grosso, prestigiando a inauguração, juntamente com um grande público.
LEIA MAIS: Documento contra a mudança do santuário tem cerca de 2 mil assinaturas
Comemoração em momento de polêmica com os fiéis
Presente em Santa Cruz do Sul desde 1946, o Movimento de Schoenstatt vive um momento de apreensão. As religiosas que administram o Santuário manifestam desde 2018 seu interesse em realocar o local sagrado para uma área mais central do município.
Publicidade
O caso virou polêmica recentemente, quando a capela começou a ser esvaziada e o altar e a estátua do fundador do Movimento, o Padre José Kentenich, foram removidos para uma residência na Rua Thomaz Flores.
Em um terreno de 29,5 mil metros quadrados, as duas irmãs que ocupavam o local se sentiam isoladas e temendo por sua segurança. Isso teria levado o Movimento a decidir pela mudança, o que incomodou grande parte dos fiéis. Por envolver a doação de uma área pública, o caso foi parar no Ministério Público.
Segundo o promotor de Defesa Comunitária, Érico Barin, uma reunião com as Irmãs de Schoenstatt ocorreu nesta semana, onde o MP externou suas considerações sobre o assunto e agora espera uma resposta das religiosas. O promotor acredita que uma solução amigável será encontrada.
Publicidade
LEIA MAIS: Grupo organiza abaixo-assinado contra a venda da área do Santuário