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Tentáculos

VÍDEO E FOTOS: ‘Esta operação é a maior da história, tanto de Rio Pardo como da região’, diz delegado

Foto: Alencar da Rosa

Ao longo da manhã, pavilhão do estacionamento da DP de Rio Pardo foi sendo ocupado por homens e mulheres envolvidos com a quadrilha

O relógio marcava 6h18 da manhã quando o primeiro preso pela Polícia Civil durante a megaoperação Tentáculos, deflagrada na quinta-feira, 10, chegou algemado à delegacia de Rio Pardo. Até então, a quadra da Rua General Auto, na qual fica o portão dos fundos da DP, ainda não havia sido trancada pelos fiscais de trânsito. Nas horas seguintes, no entanto, o espaço ficaria fechado. O acesso seria permitido só para os mais de 200 policiais que, naquele momento, distribuíam-se pela Cidade Histórica na busca por criminosos ou materiais que serviriam de provas nos inquéritos instaurados em uma investigação chefiada pelo delegado Anderson Faturi.

Ainda antes do horário estipulado para o cumprimento dos mandados, por volta de 4h30, Faturi e o delegado regional Luciano Menezes fizeram uma reunião em um pavilhão da Expoagro Afubra, em Rincão Del Rey, para explicar aos policiais de mais de 15 cidades do Estado, que vieram a Rio Pardo para participar da megaoperação, como o plano de trabalho seria colocado em prática. As prisões, buscas e apreensões das horas seguintes coroariam o trabalho investigativo iniciado em 22 de março, que apurou uma série de mortes violentas vinculadas ao tráfico de drogas.

Os assassinatos investigados tinham como mandante um indivíduo de 40 anos, que cumpre pena na Penitenciária Modulada de Ijuí e liderava os homens e mulheres detidos pela Tentáculos. A Gazeta do Sul acompanhou, desde a madrugada de ontem, a megaoperação, considerada a maior de Rio Pardo e uma das maiores da história na região. Ela contou com a participação de 190 policiais civis, incluindo dez delegados, além de 60 agentes do Grupo de Intervenção Regional (GIR) da Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe) e dez PMs da Força Tática da Brigada Militar.

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O trabalho policial cumpriu 59 mandados, 16 de prisão preventiva, três de apreensão de menores e 40 de busca, a maioria na cidade de Rio Pardo. Parte do trabalho também ocorreu em Santa Cruz do Sul, Canoas e nas penitenciárias de Charqueadas e Ijuí – onde foram excecutados dois dos 19 mandados de prisão, contra homens já recolhidos, dentre eles o mandante dos homicídios e chefe do bando.

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A maior operação da história
Conforme as viaturas da Polícia Civil iam chegando, nas primeiras horas da manhã de quinta-feira, 10, o pavilhão do estacionamento da Delegacia de Polícia de Rio Pardo ficava cada vez mais cheio de presos. Do outro lado da rua, junto ao Estádio Municipal Amaro Cassep, um espaço foi montado para os policiais tomarem café após o trabalho realizado ao longo da madrugada. Em paralelo ao traslado dos detidos ao quartel-general da operação, realizava-se uma busca em uma residência do Bairro Ramiz Galvão para apurar informações obtidas pela Polícia Civil.

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No local, onde um dos presos foi detido, funcionava um ponto de venda de drogas e também um cemitério clandestino. Ali estariam enterrados de dois a três corpos de vítimas do grupo criminoso. Uma retroescavadeira da Prefeitura de Rio Pardo fez a escavação no terreno e a casa foi completamente removida. As buscas contaram ainda com o apoio de policiais da Força Tática da BM. Contudo, não foram encontrados cadáveres.


Os reveses contra esse grupo criminoso já vinham ocorrendo ao longo dos últimos meses. Segundo a Polícia Civil, seis prisões já haviam sido realizadas, em ações conjuntas com a Brigada Militar. Da mesma forma, foram apreendidos cinco quilos de maconha, um quilo de cocaína e dois quilos de crack, além de R$ 5 mil e oito veículos. Ainda ao longo das investigações, foram recolhidas cinco armas de fogo e munições do grupo.

“Com certeza, esta operação é a maior da história, tanto de Rio Pardo como da região, em número de agentes e tamanho de organização, com 59 mandados. Esperamos que, com isso, a gente tenha desmantelado esse grupo criminoso que tinha como liderança esse apenado. Ele agia com mão de ferro, determinando esses homicídios a seus auxiliares, que os realizavam por temor ou reverência ao chefe”, complementou o delegado Anderson Faturi.

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Segundo o delegado, a investigação já identificou pelo menos 60 pessoas que tiveram envolvimento com esse grupo e participaram de ações criminosas apenas em Rio Pardo

“Crimes de extrema crueldade”, diz delegado
O alto número de homicídios registrados em Rio Pardo neste ano, 21 casos, contra seis no ano passado, é atribuído em grande parte ao grupo criminoso preso ontem. “Essa investigação sobre crimes de tráfico de drogas relacionados a homicídios mostra a atuação desse grupo que, capitaneado pelo seu líder, que está preso, é responsável de forma comprovada por pelo menos dez mortes neste ano. Houve crimes de extrema crueldade contra seus desafetos, sejam devedores do tráfico, sejam pessoas que não eram benquistas por eles”, disse Anderson Faturi, em entrevista coletiva na delegacia de Rio Pardo.

A investigação já identificou pelo menos 60 pessoas que tiveram envolvimento com esse grupo e participaram de ações criminosas apenas em Rio Pardo. “Uma dessas residências, na Vila Pinheiros, era utilizada em específico pelos criminosos para realizar homicídios”, complementou o delegado. Entre as vítimas executadas no local está Patrick Brum Dall Ongaro, de 30 anos.

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Motorista de aplicativo de Cruz Alta, ele foi assassinado no dia 28 de agosto. Conforme a investigação, foi atraído pelo grupo criminoso até Rio Pardo, após ter a morte encomendada por traficantes de Cruz Alta. “Ele foi trazido para onde deveria entregar uma quantidade de entorpecentes e não retornou mais. Acabou levado até essa residência, onde foi degolado”, relatou Faturi.

A reportagem da Gazeta do Sul teve acesso aos dois vídeos da execução de Patrick, gravados pela quadrilha. Neles, seis pessoas participam da ação cruel, na qual o homem agoniza após ser degolado com uma faca de cozinha. “O mandante desta morte, o chefe do grupo criminoso, assistiu à execução de dentro da cela da prisão por meio de vídeos que seus comandados fizeram. Todos os autores e envolvidos desse caso foram presos”, explicou Faturi.

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