Os 46 dias de campanha político-partidária passaram praticamente em branco em alguns municípios da região. Com as restrições a eventos públicos, por causa da pandemia do novo coronavírus, nas cidades menores as indicações à disputa pelo comando das prefeituras são poucas, visíveis nas redes sociais e em bandeiras partidárias penduradas nas paredes de algumas casas. Também por força do coronavírus, o tempo foi mais curto para a divulgação dos candidatos – o que, curiosamente, agradou a eleitores das pequenas cidades, os quais aprovam a disputa mais silenciosa.
Dona de uma padaria em Gramado Xavier, Aline Berté diz que teve menos encomendas de pães e cucas – comumente usados nos cardápios de eventos políticos. Em contrapartida, há mais clientes nas mesas da padaria para fazer lanche, desde as primeiras horas do dia. “Eles pedem café bem forte e algum sanduíche ou pastel, lanche que sustenta, para um dia todo de trabalho”, revelou Aline, referindo-se à campanha de porta em porta, que tomou o lugar dos grandes eventos.
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A moradora conta que as duas chapas que concorrem à Prefeitura de Gramado Xavier estão menos ruidosas. A campanha está silenciosa. “Está mais saudável assim. As discussões estão nas redes sociais, o que nos dá maior tranquilidade”, contou Aline.
No posto rodoviário, Fernando Felipe Anhaia esperava nessa quinta-feira, 12, a carona para Linha Palmeiras, distante três quilômetros do centro de Gramado Xavier. Ele conta que os candidatos reaprenderam a visitar os eleitores, agora com mais cuidado e cautela. “Está bem melhor. Em outras épocas, a gente até chegava a se esconder do candidato”, confessou.
Anhaia ainda não decidiu qual proposta vai apoiar no domingo. Duas coligações estão na disputa. Marcelo Laufer e Airton Berté (PSB/PT) têm como adversários Reni Giovanaz e Ademir Piassini (MDB/PSDB/PDT/PP). “Ainda bem que o voto é secreto, não é meu filho?”, brincou. Comentase entre os moradores que a preferência entre os candidatos está equilibrada. Mesmo silenciosa, a eleição em Gramado Xavier promete ser acirrada – se não o foi nas ruas, será nas urnas.
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Debate migrou para a internet em Herveiras
Morador de Herveiras, Cristiano Rafael Schust conta que, se não fossem as discussões acaloradas nas redes sociais, xingamentos e críticas mútuas no Facebook, ninguém saberia que o município está na iminência de uma votação para prefeito e vereadores. “A ausência de comícios e eventos de aglomeração de pessoas deixou bem diferente a campanha neste ano”, disse.
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Pela proximidade com Santa Cruz do Sul, a população de Herveiras acaba acompanhando a mobilização no maior município da região. A falta de um veículo de comunicação sediado em Herveiras e a pandemia fazem com que o clima de eleições fique morno por lá. “Não está com cara de eleições, não há possibilidade de ampliar o debate, que acaba ficando apenas no ambiente virtual”, comentou o herveirense.
A baixa adesão às campanhas também tem chamado atenção de Schust. Segundo ele, poucos moradores envolveram-se nas atividades políticas. “Tomara que isso não reflita em baixa de eleitores votando no domingo. Todos devem votar”, complementou.
A comerciante Nazir de Oliveira também tem achado o clima calmo demais. Porém, segundo ela, é importante que o município tenha pelo menos duas chapas concorrendo. “Todos estão lutando por ideias e projetos diferentes e isso é muito bom. Imagina se fosse apenas um candidato, como seria?”
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Quanto à restrição aos eventos e a calmaria na campanha, Nazir avalia como positiva a redução do número de militantes nas ruas e a discussão de ideias nas redes sociais. “Por estar no comércio, a gente não deve ter opinião. Atendemos a todos, independentemente da política. Mas quando o assunto é a campanha, esse formato foi muito bom.” Em Herveiras duas chapas disputam a Prefeitura: Beto Campos e o candidato a vice Nilson Jappe (MDB/PSB) e Nazário Kuentzer com sua candidata a vice Carla Silveira (PTB/PP).
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