A eleição deste domingo, 15, será bem menos desafiadora para três candidatos ao cargo de prefeito na região. Nos municípios de Lagoão e Segredo, na região Centro-Serra, e em Mato Leitão, no Vale do Rio Pardo, os atuais prefeitos disputam um novo mandato consigo mesmos. Devido à unificação de partidos, ou pela simples ausência de chapas de oposição, eles não têm adversários. Mas, ainda assim, não abriram mão de realizar campanha, com novas propostas para os próximos quatro anos.
Quem já passou por disputa acirrada por votos sabe bem o valor de uma eleição de um candidato só. O prefeito de Mato Leitão, Carlos Alberto Bohn (PSDB), prepara-se para o quarto mandato à frente do município que ele viu nascer em 1997. “Na última eleição ganhamos com mais de 900 votos, um total de 67% da preferência do eleitorado”, afirmou Bohn. Em um colégio eleitoral com menos de 4 mil eleitores, vencer com essa vantagem pode ser considerado um grande feito.
Bohn sabe na ponta da língua quantos habitantes vivem em sua Mato Leitão. Ao todo são 5.170, contabilizados um a um pelas Estratégias de Saúde da Família. Na cidade já foram pavimentados 24 mil metros de calçadas, e para os próximos quatro anos Bohn e Flecha, do PDT, querem levar o projeto de passeio público para o interior. “Uma cidade bem organizada ajuda a atrair mais investimentos e empresas”, observou.
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E a ausência de adversários não ofuscou o brilho das eleições para o prefeito Bohn. Segundo ele, mantendo as regras de isolamento social e as restrições, a sua candidatura procurou fazer como sempre fez: visitou eleitores, chegou às casas das famílias pelas ondas do rádio e usou as redes sociais para divulgação das propostas.
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Em sua coligação estão três partidos: PSDB, PDT e MDB. Em Mato Leitão ainda há representação do PP, PT e PTB. “O PP não quis lançar candidato a prefeito, apenas a nominata de vereadores ao município”, explicou Bohn.
Aliança com a oposição
O comerciante Cirano Camargo (foto) concorre pelo PDT para o segundo mandato. Neste ano, ele e o vice Nélio Fornari não têm oponente em Lagoão. A estratégia deles para concorrer com chapa única foi fazer uma grande aliança com os opositores.
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Na eleição passada, junto do PDT estavam PSDB, Democratas, PPS, PTB e PT. “Nós sentamos e conversamos com o MDB e o PP. Fizemos um trabalho conjunto para o crescimento do município, negociamos para que esses partidos viessem conosco”, justificou.
Com uma população de 6,4 mil pessoas e pouco mais de 4,7 mil eleitores, Lagoão tem grandes desafios para os próximos quatro anos. Sem nenhum acesso asfáltico, Camargo terá que administrar cerca de mil quilômetros de estradas de chão batido. O município tem uma extensa área rural, que depende do trabalho de máquinas da Prefeitura. “Desde o início de nosso mandato, estamos tentando criar pelo menos duas ligações. Dois acessos principais, para os municípios de Sobradinho e Soledade. Essa é uma luta de todos os outros prefeitos”, complementou.
Campanha em busca da maioria
O atual prefeito de Segredo, Valdir Rodrigues (foto), do MDB, dedica os últimos dias para visitar os cerca de 7,2 mil habitantes do município, para mobilizá-los a votarem nele no próximo domingo. Rodrigues disputa sozinho a Prefeitura e quer trazer consigo a maioria.
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Em franca campanha pelo interior de Segredo, ele sequer conseguiu atender a reportagem da Gazeta do Sul. Quem explicou a situação foi o secretário municipal de Administração, Diego Fernando Puntel. Segundo ele, por estar coligado agora com partidos que eram de oposição – PP e PT –, Rodrigues quis falar pessoalmente com os eleitores. “A negociação com os partidos levou mais ou menos um mês. Ninguém estava muito mobilizado por causa da pandemia. Não deveria ser um ano de eleição. Por isso, optou-se pelo consenso”, justificou Puntel.
Entre as metas para 2021 estão seguir com os projetos de infraestrutura e fortalecer o agronegócio, principal força econômica de Segredo.
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Como funciona nesses casos
Em uma situação considerada atípica, o Rio Grande do Sul terá eleições com apenas um candidato em 33 municípios neste ano. O dado faz parte do levantamento do Tribunal Regional Eleitoral (TRE), com base nos registros de candidaturas recebidas para as eleições municipais de 2020.
A assessora técnica do TRE, Marília Medeiros Pianta, explica que o processo é legítimo, mas representa uma perda para a democracia. “Acaba não sendo uma escolha tão democrática, pois concentra-se em apenas uma proposta. Não tem como votar não ao candidato único”, analisou.
Um prefeito é sempre eleito pela soma absoluta da maioria de votos válidos em uma eleição. Como no sistema do TRE usado nas urnas eletrônicas fica registrado apenas o número do partido da chapa única, digitar qualquer outro número anula o voto. “O candidato único precisa apenas de um voto para se eleger. Mesmo que a grande maioria seja de votos nulos, basta um válido para que ele seja eleito”, explicou Marília.
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Ainda conforme a assessora técnica do TRE, acordos entre partidos para a disputa individual de uma eleição, com apenas uma chapa majoritária, não são proibidos. “O que não pode ocorrer são coações ou outros tipos de violência ou crime. O processo eleitoral precisa ser correto, conforme a legislação em vigor”, salientou.
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