Com o auge da primavera e em breve a chegada do verão, um dos insetos que dá o ar da graça na região são as borboletas. Com cores e formatos variados, o animal chama atenção até mesmo no ambiente urbano neste período. O Vale do Rio Pardo possui aproximadamente cem espécies de lepidópteros identificados – alguns relativamente raros. No entanto, até o momento, nenhuma pesquisa específica foi realizada, o que indica que o número deve ser bem maior.
De acordo com o doutor em Biologia e Zoologia e professor do Departamento de Ciências da Vida da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), Andreas Köhler, no Vale do Rio Pardo foram coletados indivíduos apenas esporadicamente. “No Departamento de Ciências da Vida temos uma coleção entomológica, que inclui também lepidópteros. A coleção conta com mais de 4 milhões de exemplares, sendo aproximadamente 20 mil lepidópteros”, conta.
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A coleção está no bloco 12 da Unisc, vinculado ao laboratório de entomologia. As coletas dos insetos são realizadas preferencialmente no Rio Grande do Sul, com poucos exemplares dos outros estados do Sul (Santa Catarina e Paraná). Conforme o professor, algumas das espécies mais comuns na região são as conhecidas como pragas, como a traça do tabaco e a borboleta da couve.
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As borboletas e mariposas têm grande importância ecológica, explica Köhler. “Elas atuam em diferentes processos, destacandose a polinização, predação de sementes, ciclagem de nutrientes e regulação das populações tanto de plantas como de outros animais, além de comporem a base de inúmeras cadeias tróficas importantes em todos os biomas terrestres.”
Entre as borboletas e mariposas existe uma série de características que diferenciam estes insetos. Uma das diferenças entre essas duas lepidópteras é a posição das asas, já que as borboletas, quando pousam, deixam as asas elevadas; as mariposas mantêm suas asas sempre abertas. Outra forma de distingui-las são as antenas, mais curtas, grossas e de aparência peluda nas mariposas, enquanto as borboletas possuem antenas mais longas, de aparência lisa, com as extremidades arredondadas.
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“A característica de ser noturno ou diurno não funciona 100% para separar os grupos. A maioria das borboletas, mas não todas, é ativa durante o dia, com hábito diurno, enquanto a maior parte das mariposas, mas não todas, prefere a noite, com hábito noturno”, explica Köhler.
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As cores chamativas que identificam as borboletas também são um mecanismo de defesa. O mimetismo é a semelhança no padrão de coloração, textura, formato do corpo e comportamento que podem conferir uma vantagem adaptativa. A função pode ser encontrada em outros insetos como joaninhas, besouros e abelhas.
Apesar de belos, os lepidópteros podem ser perigosos. “Muitos são pragas agrícolas, provocando danos significativos às culturas. Os lepidópteros nos sistemas produtivos agrícolas compreendem pragas como a Helicoverpa, Heliothis, Chrysodeixis, Anticarsia, Elasmopalpus, Spodoptera, Alabama, Mocis, Pectinophora, Elaphria, Striacosta, Agrotis e outras mais.” Algumas espécies também possuem larvas com pelos, conhecidas como lagartas urticantes, e caso se encoste nelas, pode provocar queimaduras e coceiras. A espécie mais perigosa no Rio Grande do Sul é a Lonomia, conhecida como taturana.
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Projeto aponta mais de 900 espécies no RS
O Laboratório de Ecologia de Insetos (LEI) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) registra, cataloga e armazena há mais de 20 anos as espécies de borboletas do Rio Grande do Sul, considerado um “paraíso das borboletas”. Coleção e banco de dados com informações de mais de 900 espécies são um acervo aberto para pesquisadores.
De 1993 até agora, a coleção do programa que estuda a fauna de borboletas do sul da Mata Atlântica e do Pampa dobrou de tamanho. Estima-se que devam existir mais de 900 espécies no Estado. A coordenadora do projeto, Helena Piccoli Romanowski, informa que, do total de registros, 400 ocorreram na Região Metropolitana. “A América do Norte tem menos de 800 espécies; a Europa, cerca de 500; e a Austrália, 400. Registrar toda essa riqueza na nossa região é um resultado importantíssimo.”
O primeiro registro da Coleção de Lepidoptera da Ufrgs é de 1947, material original do extinto Instituto de Ciências Naturais da universidade. Atualmente, os mais de 15 mil exemplares estão abrigados no Laboratório de Ecologia de Insetos (Instituto de Biociências/Departamento de Zoologia), sendo um dos principais grupos de pesquisa sobre borboletas no Brasil.
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CICLO DE VIDA
Os lepidópteros possuem um ciclo de vida com quatro etapas: os ovos, a lagarta, a pupa e a fase adulta, que é a borboleta ou a mariposa.
Ovos: a fêmea acasala com o macho e põe seus ovos em uma planta.
Lagartas: depois de um tempo os ovos viram larvas, que são as lagartas. Elas se alimentam muito enquanto lagartas para que, quando virarem pupa, possam ficar um bom tempo sem ingerir alimento, passando o maior tempo da vida nesta fase comendo.
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Pupa: após um tempo como lagarta, ela entra em um casulo chamado pupa. Dentro é onde acontece a transformação de lagarta para borboleta ou mariposa. Esse casulo é feito da seda que elas próprias tecem.
Adulto: finalmente chega o dia de sair da pupa, as borboletas ou mariposas eclodem e esperam até que suas asas sequem, para então poder sair voando e reiniciar o ciclo de vida dos lepidópteros.
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COMO PRESERVAR
Conservar os seus habitats;
Plantar nos jardins espécies nativas;
Minimizar o uso de agrotóxicos;
Praticar uma agricultura de ações sensíveis e sustentáveis, que não seja baseada em monoculturas;
Respeitar o código de preservação da vegetação nativa;
Aprender que campo nativo é vegetação nativa, importante enquanto mata nativa.