Um encontro em agosto deste ano marcou a fundação da União dos Municípios do Circuito Paleontológico (UMCP), que pretende criar uma rota de cicloturismo na região a partir de 2021. O trajeto, que deve entrar em funcionamento no segundo semestre do próximo ano, abrange sete municípios em quase 320 quilômetros a serem percorridos em sete dias por ciclistas de todo o País e do Mercosul, em trechos de 30 a 60 quilômetros diários.
O trajeto temático pretende explorar o potencial turístico da região e se chamará Circuito Vale dos Dinossauros. Estão previstas visitas ao Museu Municipal Aristides Carlos Rodrigues, de Candelária, e aos sítios paleontológicos.
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A iniciativa promete uma valorização da cultura e do meio ambiente locais, além do desenvolvimento econômico, com a movimentação em restaurantes, bares, lancherias, hotéis, pousadas, lojas de bicicletas e de suvenires. “O objetivo principal é desenvolver o turismo rural e de aventura na região. Candelária tem um grande potencial e os outros municípios envolvidos também”, explica a presidente da associação, Caren Menezes.
A rota principal inclui Candelária, Cerro Branco, Agudo, Restinga Seca, São João do Polêsine, Dona Francisca e Ibarama, mas há possibilidade de que novos municípios seja adicionados. O caminho vai passar por municípios vizinhos, como Novo Cabrais, Silveira Martins e Passa Sete, e outras opções de trajeto podem incluir Nova Palma e Sobradinho.
Entre os pontos turísticos estão o Morro Botucaraí, o aqueduto, a Cascata da Ferradura e a Ponte do Império em Candelária, que abriga ainda a saída e chegada do trajeto. Outros locais serão o Recanto Maestro, o distrito Vale Vêneto, a Cascata da Gringa, o porto em Dona Francisca junto ao Rio Jacuí e o Morro Cerro Branco.
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Conforme um dos idealizadores da rota, Nerio Bogoni Júnior, após a divulgação na mídia e em sites especializados, o caminho deve ganhar visibilidade além do público local. “Algumas pessoas deixam de pedalar por não ter conhecimento do trajeto, e temos tudo na região: o atrativo, a parte cultural dos dinossauros, a gastronomia local. Isso tudo, trabalhando com o fornecimento de uma rota viável, garante que a pessoa vai encontrar condições de percorrer o circuito e sair com uma boa impressão.”
A associação projeta dois cenários após a implantação da rota. No primeiro, seriam em torno de mil cicloturistas na região por ano; já no segundo, mais otimista, o número poderia chegar a 4 mil visitantes anuais. “Vamos trabalhar a visibilidade da rota, já que parte do público está na região Sudeste, mas até ganhar visibilidade pode levar algum tempo. Esse tipo de esporte está crescendo muito, a gente espera se surpreender com o número de cicloturistas”, comenta Caren Menezes.
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Expansão entre as mulheres
Caren destaca ainda o aumento na participação das mulheres no esporte, que costumava ser majoritariamente masculino. “Este ano está fazendo 17 anos que eu pedalo. Quando comecei, eu fazia provas do Campeonato Gaúcho e eram apenas três mulheres e cem homens competindo. Hoje em dia já tem 25% de praticantes mulheres, cresceu bastante.”
Entre os próximos passos, os organizadores pretendem se reunir com representantes das prefeituras e conseguir apoio para a implantação do trajeto, além de contatos com os setores público e privado para sinalização da rota com placas e setas de direção. Em uma reunião no início do mês, quatro prefeituras declararam apoio à iniciativa.
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“Precisamos da união dos municípios por onde a rota passará, para sinalizar as estradas, preparar seus pontos turísticos, organizar e orientar hotéis e pousadas, e ainda conscientizar a população de que devemos ter um grande número de cicloturistas”, disse o vice-presidente da UMCP, Rafael Oliveira.
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Ideia é fomentar a economia pelo turismo
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O primeiro contato da associação foi com o secretário de Turismo, Cultura e Esporte de Candelária, Jorge Mallmann, que logo apoiou a inciativa. “O circuito de cicloturismo vem ao encontro do nosso projeto de desenvolvimento turístico, que lançamos há algumas semanas. Será mais uma iniciativa capaz de explorar o grande potencial turístico de Candelária.” Na visão do secretário, o projeto tem tudo para dar certo, impactando positivamente na economia de toda a região.
Para Nerio Bogoni Júnior, um dos idealizadores, também é uma oportunidade para que a comunidade mostre seus costumes. “A região tem uma história com toda a questão paleontológica, dos dinossauros. Além disso tem muita gastronomia, agroindústrias que vivem de vender produtos típicos daqui. Também vai valorizar o turismo, é uma região muito bela”, reforça. Para ele, a atividade pode trazer novas fontes de renda aos moradores dos municípios, pois os cicloturistas geralmente fazem as visitas em grupos de três ou quatro integrantes, mas estes podem ser de até 15 ou 20 pessoas.
“Outra questão que a gente decidiu, ao traçar a rota, foi priorizar os circuitos rurais, passando pelo interior. Será 99% do trajeto em estradas de chão, passando por natureza, áreas preservadas ou com plantio”, ressalta Nerio. O circuito será validado pelo Clube Nacional de Cicloturismo, que também vai auxiliar na divulgação.
“Aqui a gente estaria focando no público de São Paulo, Santa Catarina e Paraná. Também seria um corredor para países vizinhos, como Argentina e Uruguai. Muitos deles passam com bicicletas e não param na região por não ter uma opção de ciclismo”, salienta.
Trata-se de uma modalidade que está crescendo, com cada vez mais adeptos, conforme explica o vice-presidente Rafael Siqueira Oliveira. “A Rota de Cicloturismo dos Dinossauros vai possibilitar ao cicloturista uma excelente experiência de pedalar por paisagens do nosso interior, conhecer comunidades, moradores e os sabores da gastronomia local e regional. Irá contemplar pontos turísticos praticamente não visitados por pessoas que não são da região”, destaca.
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O que é
O cicloturismo é uma forma de turismo que consiste em viajar de bicicleta. Para os praticantes, é uma maneira saudável, econômica e ecológica de fazer turismo. Um dos objetivos é o conhecimento que se adquire sobre as culturas e costumes das cidades visitadas. Na modalidade, o ciclista leva sua bagagem na bicicleta, geralmente em um alforje. Os participantes da categoria estão em uma faixa etária ampla, que vai dos 15 aos 70 anos em média.
Ao contrário dos eventos que a região recebe, que são periódicos, a rota estará disponível o ano inteiro. O viajante planeja a visita e faz o circuito autoguiado através das placas ou com ajuda de GPS e aplicativos para o trajeto. Informações de hospedagem estarão disponíveis no site, e a rota prevê que os turistas terão tempo livre para fazer outros passeios.
No Brasil, há cerca de 14 rotas validadas pelo Clube Nacional de Cicloturismo. A mais famosa e antiga delas é o Circuito Vale Europeu, em Santa Catarina. Ele recebe por volta de 4 mil ciclistas de todo o Brasil anualmente, impactando na economia da região. Outro trajeto é o da Estrada Real, percorrendo os estados de Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro.
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