Um dos objetivos do Setembro Amarelo, mês da prevenção ao suicídio no País, é conscientizar a população sobre os sinais de alerta demonstrados pelas pessoas que estão na iminência de atentar contra a própria vida. Tratado como um tabu mesmo nos casos que envolvem adultos, o suicídio também merece atenção quando representa uma ameaça a crianças e adolescentes.
Em Santa Cruz do Sul não houve casos de suicídio envolvendo menores nos últimos três anos, de acordo com a psicóloga Marliza Schwingel, coordenadora do Comitê Municipal de Prevenção do Suicídio e Promoção da Vida. No entanto, nesta faixa etária há registros de automutilação.
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Os sinais de depressão, que podem levar ao suicídio, são similares em crianças, adolescentes e adultos. Segundo Marliza, a pessoa que era mais ativa e comunicativa pode ficar mais reservada e introspectiva, procurando se isolar. “Não conversa, pode estar com um olhar mais tristonho, uma postura mais curvada. Na fala, diz que a vida não tem sentido, demonstra desesperança e falta de perspectiva com o futuro”, conta. Em adolescentes pode haver também um aumento de agressividade e rebeldia, além de mudanças bruscas de comportamento.
Entre as causas, a coordenadora aponta uma série de fatores. “Um dos grandes causadores do suicídio, independente da faixa etária, é a violência, que a pessoa pode estar sofrendo no sentido psicológico, financeiro ou físico”, destaca. Com os jovens, casos como abuso e bullying também podem fazer com que a pessoa se deprima.
A psicóloga recomenda que, ao perceber as alterações, os pais levem a criança ao pediatra de confiança, conversem com professores, orientadores e psicólogos na escola ou busquem atendimento especializado. O encaminhamento pode ser feito junto ao Centro de Atenção Psicossocial da Infância e Adolescência (Capsia).
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Mais sintomas
Os sintomas em crianças mais velhas e adolescentes podem ser parecidos com os dos adultos, explica a psiquiatra Débora Fischer Pettenon. “Já as crianças menores e alguns adolescentes podem muitas vezes ficar mais irritados do que deprimidos e mostrar alterações de comportamento, como abandonar atividades de que gostavam, brincadeiras, convívio com familiares e colegas de escola, desinteresse pelos estudos, isolacionismo e comportamento regressivo ou infantilizado”, explica. Os pais e familiares devem ficar atentos a estes sinais, assim como às mudanças no padrão de apetite, alterações no sono e até mesmo sintomas físicos, como queixas frequentes de dor de barriga ou dor de cabeça.
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