O 7 de Setembro, dia de celebrar a Independência do Brasil, nos faz recordar os antigos desfiles cívicos de Santa Cruz do Sul com a participação das tradicionais bandas marciais dos colégios Mauá, São Luís e Sagrado Coração de Jesus, hoje extintas. O repertório das bandas, os uniformes, porta-bandeiras, o alinhamento, disciplina e patriotismo dos componentes abrilhantavam o evento e atraíam um grande público de toda a região. Antes das apresentações, os alunos passavam semanas e até meses ensaiando as performances, tudo para que sua escola se destacasse das demais.

A Banda Marcial do Colégio Mauá, fundada em agosto de 1961 pelo professor e regente Hainy Ênio Martin, com o apoio do maestro Edemar Bender, o Bendinha, e da professora Anna Quatke, a Anni, teve 25 anos de existência. A primeira apresentação aconteceu no dia 22 de setembro de 1961, com 52 componentes e quatro balizas. A maior parte dos integrantes eram alunos do internato, que participavam de aulas de música ministradas por Bendinha.

Em 1970 havia 114 componentes. A banda era reconhecida nacionalmente por participar de cerimônias solenes, dentre elas a abertura de uma das edições da Festa Nacional do Fumo, a Fenaf de Santa Cruz. Em 1966, apresentou-se no Uruguai.

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Os ensaios seguiam a disciplina à risca, como recorda o atual diretor do Mauá, Nestor Raschen. “Um mês antes do desfile eram feitos ensaios. Duas vezes por semana, saíamos em fila da frente do colégio pela Rua Cristóvão Colombo, seguindo pela Gaspar Silveira Martins. Depois entrávamos pela Avenida do Imigrante e retornávamos. O desfile cívico era visto como fundamental, e a participação era obrigatória. O aluno que por algum motivo não pudesse participar tinha que justificar, pois valia como um dia letivo”, conta.

“A banda fazia muito sucesso, vinham pessoas de longe para nos assistir. Muitas foram as vezes em que participamos de solenidades de aniversários de outros municípios. Para nós, era motivo de orgulho”, lembra Raschen.

Em 1986, seis anos após o fim do internato, a banda fez a sua última apresentação em uma cerimônia realizada no Estádio dos Plátanos, sob a coordenação do professor Pedro Schuck. Raschen lamenta o encerramento das atividades e esclarece que a maior dificuldade foi encontrar sucessores para Bendinha, Hardi e a Anni.

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“Com o fim do internato, o número de alunos que tinham tempo para se dedicar à música foi diminuindo. E era o Bendinha que dava aulas de música, a coreografia ficava a cargo da Anni e o Hardi era quem comandava tudo. Tivemos muita dificuldade para conseguir pessoas que tivessem a mesma capacidade para continuar”, ressalta.

Com a extinção da banda, parte dos equipamentos foi doada a escolas públicas do município e alguns deles permanecem no museu da instituição. O colégio não participa mais dos desfiles cívicos. As atividades da Semana da Pátria são organizadas na própria instituição durante toda a semana. Este ano, devido ao isolamento social, ocorreram sessões cívicas virtuais.

“Sempre buscamos trazer o civismo da pátria para os nossos alunos, é uma forma de resgatar o sentimento de defesa da nação e de amor por ela. O civismo não tem ligação com os governantes do País, mas é importante honrar e respeitar a pátria que nós temos”, complementou o diretor do Mauá.

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No Sagrado, só meninas
A banda marcial do extinto Colégio Sagrado Coração de Jesus, hoje Colégio Dom Alberto, foi fundada em 1966. Denominada de Banda Marcial das Irmãs, sua primeira apresentação ocorreu no mesmo ano, na primeira Festa Nacional do Fumo (Fenaf) de Santa Cruz. A regente e instrumentalista da época era Rosa Kraether. Em 1970, assumiu o posto a professora de música Mirian Faller. A banda formada por 70 integrantes, todas mulheres, tinha 12 balizas. A indumentária era o uniforme de marinheiro. As atividades foram encerradas em 1975.

GOSTO PELA MÚSICA VEIO DE CASA
O empresário Flávio Bender (foto), de 61 anos, um dos filhos do maestro Bendinha, era integrante da banda. Sob a influência do pai, ele tocava piston. “Meu avô era músico e meu pai seguiu seus passos. Como eu tinha facilidade de aprender, fui também. Era muito engraçado porque o pai, quando ia formar uma orquestra mirim ou outro grupo musical, tinha quem tocava teclado, quem tocava piston e se não tivesse alguém para tocar contrabaixo, ele trazia o instrumento para casa e dizia que naquele ano eu iria tocar. Desse jeito, eu aprendi quase todos os instrumentos”, recorda. “Era muito bom participar, nos reuníamos duas vezes por semana, era uma família.”

Flávio Bender lembra que a banda viajava bastante. Além disso, existia a questão da competitividade entre as bandas do Mauá e São Luís. “Aquilo para dava uma empolgação”, conta. Após três anos na banda, ele deixou a música e passou a se dedicar ao atletismo.

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