Está rolando nesta semana o 4º Festival Santa Cruz de Cinema. O evento acontece em formato híbrido entre os dias 29 de novembro e 3 de dezembro, com exibições de 18 curtas-metragens nacionais que integram a Mostra Competitiva e as cinco obras locais que estarão na Mostra Olhares Daqui. Além de homenagear o ator Matheus Nachtergaele, esta edição premia o ilustrador José Luiz Benicio, que tem vínculo com o Vale do Rio Pardo.
O artista nasceu em Rio Pardo em 1936 e começou a desenhar aos 16 anos. Hoje, é considerado um dos maiores nomes da ilustração brasileira. Além de ser conhecido pela qualidade de sua técnica e riqueza das composições, Benicio teve uma contribuição inestimável para a história do cinema do País, sendo responsável por mais de 300 pôsteres de filmes. Com 84 anos, ele teve mais de 50 anos de carreira profissional e, após ter sofrido um AVC no ano passado, continua trabalhando de casa, mas não comparecerá ao Festival por motivos de convalescença.
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O Prêmio Tuio Becker, que homenageia Benicio, é entregue a artistas que marcam o cinema nacional e anteriormente foi concedido ao ator Leandro Firmino e aos diretores gaúchos Filipe Matzembacher e Marcio Reolon. Conforme o professor Rudinei Kopp, da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), um dos organizadores do evento, por desenhar inúmeros cartazes de clássicos do cinema brasileiro, Benicio representa uma faceta da indústria à qual não se costuma prestar atenção. “Nós temos trabalhado o Prêmio Tuio Becker como uma espécie de prêmio de reconhecimento, diferente da homenagem. Até pelo perfil do próprio Tuio Becker, pegamos alguém que é daqui da região, de Rio Pardo, e que também é importante para o cinema brasileiro”, salienta.
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Além do perfil de reconhecimento promovido pelo prêmio, a organização tem o objetivo de celebrar a obra desses artistas. Rudinei conta que a família de Benicio recebeu a homenagem de forma muito positiva. “Eles tiveram uma boa receptividade. Gostaram da ideia de ele ser reconhecido em vida e de ter havido essa lembrança em relação ao trabalho dele”, frisa. Kopp destaca ainda que o prêmio permite desenhar uma parte da história do cinema nacional, através da atuação desse artista, possibilitando que outros profissionais do cinema conheçam sua trajetória.
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O 4º Festival Santa Cruz de Cinema tem realização de Sesc Santa Cruz do Sul, Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) – Cursos de Comunicação Social e Pé de Coelho Filmes. O patrocínio é de JTI, Prefeitura de Santa Cruz do Sul e Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan), com apoio de Gazeta Grupo de Comunicações, Cine Santa Cruz, Amigos do Cinema, Heilige, Proeza, Hbier, Legend Music Bar, Gaveta e Seasc.
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O santa-cruzense que dá nome à homenagem do Festival Santa Cruz de Cinema é Luiz Fernando Becker, o Tuio Becker. Jornalista, crítico e cineasta apaixonado pelos filmes, ele nasceu em 1943 e morava perto da sala de cinema que existia no salão da Sociedade Ginástica, no Centro. Ali começou sua conexão com o cinema. Aos 17 anos, publicou a primeira coluna de crítica cinematográfica na Gazeta do Sul.
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Tuio mudou-se para Porto Alegre em 1966, para estudar e se graduar em Arquitetura pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), mas nunca chegou a exercer a profissão. Atuou como um dos principais críticos em jornais gaúchos escrevendo para Folha da Manhã, Folha da Tarde, Zero Hora e Correio do Povo. Em suas colunas, sempre abria espaço para as produções de curta-metragem.
O seu envolvimento com o cinema teve também trabalhos como roteirista e diretor, realizando filmes de curta e média metragem em super-8 e 16mm, e o filme 226 foi, inclusive, premiado em festivais. Em 1973, trabalhou como ator no longa O Negrinho do Pastoreio, e em 1990 escreveu e dirigiu o filme Heimweh, Nostalgia, que contava a história de um imigrante alemão no interior do Rio Grande do Sul.
O crítico se aposentou em 2001 e morreu em maio de 2008, por complicações da doença de Alzheimer.
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O artista escolhido para receber o Prêmio Tuio Becker no 4ª Festival Santa Cruz de Cinema, José Luiz Benicio da Fonseca, o Benicio, tem uma extensa produção artística. Nascido em Rio Pardo, residiu desde os 4 anos em Porto Alegre, até se mudar para o Rio de Janeiro na década de 1950. Foi radicado em terras cariocas que ele realizou sua destacada obra, que inclui materiais para inúmeras áreas da comunicação nacional e mais de 300 pôsteres de filmes brasileiros.
Além da significativa contribuição para o cinema, um dos pontos altos do trabalho do artista sempre foi sua excelência ao desenhar a figura humana, especialmente as mulheres. Retratando atrizes e personagens belas e sensuais, ganhou o título de “mestre das pin-ups brasileiro”. Entre as técnicas dominadas por ele, a mais utilizada em seus trabalhos foi o guache, pela maleabilidade no uso da tinta e pela rapidez da secagem. Entre suas referências, citou anteriormente os ilustradores americanos Norman Rockwell e Austin Briggs.
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Porém, não foi apenas ao cinema que esse mestre das artes gráficas emprestou seu talento. A produção do rio-pardense inclui ainda trabalhos na publicidade, tanto no Brasil quanto em âmbito internacional, com capas de livros, revistas, discos e outros produtos. No ramo da publicidade, Benicio trabalhou para importantes agências do Brasil, como McCann Erickson, Denison e Artplan, nesta por 20 anos, ilustrando campanhas para grandes marcas nacionais e internacionais, como Banco do Brasil, Esso, Coca-Cola e Stella Artois. Ainda jovem, na Rio Gráfica realizou trabalhos para as revistas Cinderela, Querida e Radiolândia.
O desenhista ilustrou capas e matérias para diversas publicações da indústria editorial brasileira, como Playboy, Veja e Isto É. Assinou aproximadamente três mil capas para coleções de pocket books, da extinta Editora Monterrey. As ilustrações de capa das séries literárias Gisele, A Espiã Nua que Abalou Paris e A Espiã Brigitte Monfort povoaram o imaginário dos leitores brasileiros. Criou diversas capas de discos para a indústria fonográfica nacional e também foi responsável pela ilustração no rótulo da Catuaba Selvagem, inspirado no personagem Conan, O Bárbaro.
Entre as obras mais conhecidas do ilustrador estão os cartazes dos 30 filmes de Os Trapalhões entre os anos 1970 e 1980, o sucesso de bilheteria Dona Flor e Seus Dois Maridos, a comédia A Super Fêmea, estrelada por Vera Fisher; Rei Pelé, de 1962; além dos filmes O Beijo no Asfalto e Elke Maravilha contra o Homem Atômico. Para o pôster do drama histórico Independência ou Morte, por exemplo, o ator Tarcísio Meira, que viveu Dom Pedro I, posou ao vivo para o artista enquanto era desenhado. Benicio também desenvolveu dezenas de títulos da pornochanchada brasileira. Sua atuação junto ao cinema durou até o começo da década de 1990, quando as técnicas digitais substituíram o trabalho manual dos ilustradores.
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Em cinco décadas de trabalho, Benicio recebeu inúmeros prêmios nacionais e internacionais pelo seu trabalho, incluindo o Grand-Prix de ilustração no Prêmio Colunistas de 1986, o prêmio de ilustração arquitetônica do Instituto dos Arquitetos do Brasil em 1990 e o Prêmio Claudio Seto recebido durante a Bienal de Quadrinhos de Curitiba em 2018.
A editora Reference Press publicou em 2011 o art book Sex&Crime: The Book Cover Art of Benicio, que ganhou um segundo volume em 2014, após uma campanha de financiamento coletivo. A Editora Opera Graphica publicou em 2012 E Benicio Criou a Mulher, escrito pelo jornalista Gonçalo Junior, contando a história pessoal e profissional do artista. Com mais de 200 ilustrações, o livro é a edição revista da obra Benicio – Um perfil do mestre das pin-ups e dos cartazes de cinema, do mesmo autor, lançada em 2016.
Em 2021, exemplares de sua obra foram anexados ao acervo da Funarte, reconhecendo a contribuição do artista para as artes gráficas brasileiras.
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