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LUÍS FERNANDO FERREIRA

Onde ninguém imaginaria

Existem artistas que criam obras fantásticas a partir de lixo. Com resíduos recicláveis, rejeitos encontrados em aterros e depósitos, eles são capazes de criar beleza onde ninguém imaginaria. Não é apenas uma questão de talento. Mais do que destreza e maestria, é preciso ter um olhar diferenciado. Entender que nada é tão inútil ou desagradável que não possa ser aproveitado, nada é tão repulsivo que não possa, com o tratamento devido, causar algum encantamento.

É o que chamam hoje de “arte sustentável”. Ela pode ser vista, por exemplo, no filme Lixo Extraordinário, indicado ao Oscar de melhor documentário em 2011. Mostra o trabalho feito pelo artista plástico Vik Muniz com catadores no Aterro Metropolitano Jardim Gramacho, no Rio de Janeiro. Ali, o material descartado torna-se fonte de sustento para famílias e também obras que, mais tarde, serão expostas em galerias.

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Não deixa de ser uma postura inspiradora, em mais um início de ano. Ter disposição e determinação para “fazer do limão uma limonada”, como dizem. Assim como um artista extrai beleza do que, à primeira vista, não representa nada além de caos e podridão. O princípio é o mesmo. Às vezes, o caos está mais no olhar do que naquilo que se observa.

2024 está aí e não promete ser um ano fácil. Mas um certo otimismo contagiante ainda é melhor do que o pessimismo contagioso, que nada produz e ainda estraga o dia de todo mundo.

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Se eu tivesse de recomendar um “lema” ou algo que o valha para 2024, provavelmente seria esta frase que li há muitos anos, em um conto do escritor catarinense Deonísio da Silva: “Analisar o mundo com olhar armado e coração desarmado”. É uma fórmula curta, mas acho que diz o necessário.

Será preciso “armar o olhar” para enfrentar o ano que começa, a fim de transformar eventuais dificuldades em vantagens. Aquele discernimento de quem vê algo brilhar no meio do lixo. E “desarmar o coração” para lidar com os obstáculos de forma civilizada, aceitar visões diferentes e entender que quem discorda de você não é, necessariamente, um inimigo a ser abatido.

É uma ideia que pretendo carregar comigo em 2024, ainda que seja menos simples do que parece. Mas o que é simples?

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