Momento típico. Toma conta um sentimento de esperança e otimismo. Queremos crer, e precisamos crer, que será melhor o ano que se avizinha. Divergindo ou não, querendo ou não, é o momento em que nos submetemos ao delírio geral e coletivo.

Por mais racionais que sejamos, somos todos um pouco esotéricos e também aficionados na numerologia. Afinal, “cremos” que deva ser possível transformar uma coisa em outra coisa melhor com a simples troca de números.

Como se o tempo – que não existe, e só existe porque nós o inventamos para dar sentido e demarcar nossas épocas – pudesse se reconstituir como destino na própria mudança numérica.

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Nesse momento mágico, nosso otimismo e esperança se sobrepõem às insistentes condições negativas que desafiam nossa capacidade de superação. Circunstâncias cotidianas da vida real feita de desemprego, miséria, inveja, fome, mentiras, desestruturação do senso coletivo, assassinatos em massa, trânsito mortal e deseducação.

Aliás, em alguns lugares neste vasto mundo, o ano novo também é “homenageado” com conflitos “em nome de Deus”, ironicamente. Ainda vige a intolerância étnica e religiosa.

Exemplarmente, estimo que possamos exercitar o espírito da tolerância e o exercício da moderação como formas de diminuir e evitar os fanatismos.

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Que os idealistas (utópicos) e os realistas (equivocados) se façam suscetíveis a argumentação, reflexão e revisão de suas ideias e condutas, de modo a compatibilizar seus ideais com os alheios pensares e direitos.

Que a transformação das crenças não seja retrato de superadas experiências, mas sim reflexo de receptividade às novas ideias e práticas. E que tenhamos mais humor, ironia e autocrítica.

Mas o exercício da tolerância e da moderação tem custos. Não oferece garantias e exige prudência. Moderação e tolerância se constituem em novas posições políticoideologicas. É natural que gerem reações e efeitos contrários, nem sempre previsíveis.

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Sejamos mais reagentes e atrevidos em torno e em defesa do que consideramos valores essenciais. As inverdades e as injustiças estão por aí contaminando o tecido social. E mesmo quando não estivermos totalmente seguros de nossas ações, sejamos corajosos.

E enquanto não tivermos liberdade, atitude, ação e representação massiva e organizada, façamos a pequena “guerra” e a rebeldia local. E se ao cabo das “guerrilhas” de 2020 ainda não alcançarmos e determinarmos um mundo melhor e mais justo, que seja ao menos mais decente.

Saúde e felicidade, prezados leitores!

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