Dia desses resolvi participar de uma daquelas brincadeiras das redes sociais. “Poste sua foto há dez anos” era o nome do desafio. 2013. Mas 2013 foi ontem! Não, não foi ontem. Na minha cabeça, pode até parecer que o intervalo de tempo entre aquele 2013 e este 2023 passou como um temporal, furioso e rápido. Mas não. 2013 não foi ontem. Deu tempo de muita coisa acontecer e se retorcer.
2013 foi emblemático para mim, talvez um dos mais lembrados da minha vida até agora. E não vou falar de todos os acontecimentos que vivi naquele ano neste texto. Foi o ano da maior tragédia do nosso Estado e que no último dia 27 completou dez anos sem a devida Justiça.
Me levou a pensar que eu frequentava a mesma boate quando fazia cursinho pré-vestibular e era moradora de Santa Maria. E se eu tivesse passado no vestibular da UFSM naquela época? Será que eu não estaria lá naquela noite? Fiquei pensando um tempo nisso. Voltando àquele ano e não comparando o tamanho das dores, mas foi também o ano em que um grande ídolo partiu. Chorão se foi com tanta coisa para falar.
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Foi em 2013, também, que iniciei meu primeiro trabalho na área do Jornalismo. Na época estudante, virei estagiária da assessoria de comunicação da Fundação de Assistência Social e Cidadania de Porto Alegre. Aprendi tanto, mesmo estagiária, estive presente e vi de perto tantos lugares da capital gaúcha que ainda caminhavam para ter acesso ao básico. Conheci um lado de Porto Alegre que eu não conheceria se não tivesse a oportunidade de trabalhar na Assistência Social.
Mas, e depois? Até chegarmos aqui, tivemos 2014, 2015, 2016, 2017, 2018, 2019, 2020, 2021, 2022. Já parou para pensar em tudo o que nós, brasileiros, vivemos até agora? Passamos por mudanças bruscas de governos, uma polarização da nossa população jamais vista. Ou você é um, ou você é outro.
Ainda convivemos com as cicatrizes de um vírus que levou pessoas queridas, um vírus que destruiu empregos, ceifou futuros. Definitivamente, 2013 não foi ontem. Depois dele, vieram seus descendentes, com muitas outras histórias para lamentar e comemorar.
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Particularmente, vivi muita coisa nesses dez anos. Lembro de uma terapeuta que me falou que minha noção de tempo às vezes tinha a tendência a ser diferente porque vivi muitas coisas em um curto período, e eu acho que pode ser verdade, mesmo.
Nesses dez anos, fiz quatro estágios, me mudei para outro país, conheci dezenas de pessoas de outras dezenas de culturas, voltei para o Brasil, me formei, comecei a trabalhar como jornalista em Cachoeira do Sul, me mudei de novo, fui para Estrela, depois para Lajeado e, alguns anos mais tarde, vim morar em Santa Cruz do Sul.
2013 pode ter sido ontem na minha memória, mas os anos que o sucederam mostram que não. 2013 está muito distante, e que bom. Estamos aqui para lembrar que sobrevivemos e acreditamos, e isso é tudo. A força para as próximas décadas está em nós mesmos. Tive fôlego para tantas mudanças, por que não haveria de ter para o que está no porvir?
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