Em meio aos sinais de retomada após o período mais duro da pandemia, o pagamento do 13º salário, que começou nessa terça-feira, 30, deve injetar até R$ 134,1 milhões na economia de Santa Cruz neste ano. O aporte gera boas expectativas no comércio para as vendas de fim de ano, embora especialistas alertem que a alta da inflação e o endividamento crescente podem comprometer o consumo.
A estimativa foi feita pela professora de Economia da Universidade do Vale do Rio Taquari (Univates), Fernanda Sindelar, a pedido da Gazeta do Sul. O cálculo leva em conta o salário médio regional (R$ 2.970,00), atualizado a partir de um dado de 2019 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e o número de trabalhadores formais no município (em torno de 45,1 mil), com base no saldo de vagas geradas entre janeiro e setembro, segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). A pesquisadora, no entanto, alerta que o salário médio pode ter caído com a Covid-19. Além disso, é possível que muitas pessoas não tenham completado um ano de trabalho e, portanto, vão receber um valor menor.
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O benefício deve estimular a economia após um ciclo, iniciado em 2020, em que boa parte das empresas acumularam perdas significativas. Conforme Fernanda, tudo indica que haverá uma demanda adicional, especialmente para a compra de presentes de Natal e para as celebrações de fim de ano. No entanto, o avanço da inflação sobre o poder aquisitivo das famílias deve limitar o efeito multiplicador desse recurso na comparação com anos anteriores à pandemia. Em outubro, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado a inflação oficial, acumulou alta de 8,24% no ano.
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A economista acredita que boa parte da gratificação natalina deve ser canalizada para quitação de dívidas ou reserva para despesas de início de ano. “Em função da inflação, as famílias realmente viram a sua capacidade de compra se reduzir, sendo forçadas a alterar sua cesta de consumo. O aumento dos combustíveis, alimentos, energia elétrica, entre outros, pesou no consumo de todas as pessoas, especialmente de renda mais baixa, aumentando o endividamento”, analisou. Segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o percentual de famílias com dívidas, em atraso ou não, chegou a 74,6% em outubro.
A segunda parcela do 13º deve ser paga até o dia 20 de dezembro. Segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), 83 milhões de pessoas em todo o País têm direito ao benefício, com potencial estimado em R$ 232,6 bilhões.
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Como usar bem
- Priorize as dívidas – Quem tem pendências acumuladas deve aproveitar o dinheiro extra para regularizá-las antes de pensar em qualquer outro gasto. Se tiver muitas dívidas, é importante priorizar as que tenham juro mais elevado, como cartão de crédito e cheque especial.
- Se puder, poupe – Vale a pena, se possível, guardar ao menos uma parte do 13º salário para fazer frente às despesas que são típicas de início do ano. O IPVA, por exemplo, deve subir bastante em 2022. Além disso, há IPTU, matrícula e material escolar.
- Gaste com atenção – Ao fazer compras de fim de ano, é preciso estar atento ao orçamento disponível e respeitá-lo. Para fazer o dinheiro render mais, sempre vale fazer pesquisa de preços. Porém, ficar se deslocando entre estabelecimentos de carro pode acabar não compensando, ainda mais com a gasolina nos patamares atuais. O ideal é fazer a pesquisa a pé ou pela internet.
Quem tem direito?
A gratificação natalina é paga a quem trabalhou com carteira assinada por pelo menos 15 dias no ano, aposentados e pensionistas. Quem esteve em licença-maternidade ou afastado por problema de saúde ou acidente também tem direito. Em situações de demissão sem justa causa, o benefício é proporcional ao período trabalhado e depositado no momento da rescisão.
Qual é o valor?
O valor é integral somente para quem trabalha há pelo menos um ano na mesma empresa. Já quem trabalhou menos tempo receberá de forma proporcional. Os tributos que incidem sobre o benefício – Imposto de Renda e INSS – são descontados somente na segunda parcela.
Quem teve redução ou suspensão também recebe?
Para quem teve redução de jornada e salários neste ano, o 13º salário será pago de forma integral. Já para quem teve suspensão de contrato, o período não trabalhado será descontado.
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