Fim de mais um ano, início de outro. Tempo de festas, presentes, viagens, férias e, também, de dinheiro extra nas contas bancárias ou, em espécie, no bolso de milhões de brasileiros. Além de bônus, participação em lucros, gratificações… tem o 13º salário! É uma montanha de dinheiro que, além de fazer a alegria dos beneficiários individualmente, vai aumentar o movimento do comércio, indústria, serviços, etc.
Em matérias de jornais e de sites ou reportagens de rádios e TV, a recomendação mais repetida é que se deve, em primeiro lugar, pagar as dívidas com esse dinheiro extra. Entretanto, ainda presos à teoria econômica clássica que diz que os agentes econômicos – essencialmente as pessoas – são seres totalmente racionais, capazes de tomar as decisões mais eficientes e de forma pragmática, os profissionais da área financeira não levam em conta ou ignoram a economia comportamental. Nessa, as decisões são tomadas por hábitos, experiência pessoal e regras simplificadas.
Com o dinheiro em mãos, muitos se questionam como vão utilizar essa quantia extra. Boa parte dos beneficiários fica numa encruzilhada: racionalmente, só pensam em liquidar pendências, às vezes vencidas há bastante tempo, para evitar problemas maiores; emocionalmente, gostariam de comprar presentes ou cometer alguma extravagância que o dinheiro extra poderia proporcionar, permitindo-se alguns “mimos” como justificativas de merecimento por um ano difícil, afinal, pensam ou dizem, “eu posso, eu mereço”.
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É compreensível e até elogiável a disposição das pessoas em pagarem logo o que devem, mas não deixa de ser um grande erro; aliás, mostra que a pessoa ou família está gastando mais do que a renda normal permite. Será que as verbas extras, principalmente o 13º salário, foram instituídas para pagar dívidas? Evidentemente que não. O 13º – também chamado de gratificação de Natal – e outras verbas extras deveriam ser utilizadas, uma parte, para realizar sonhos e objetivos, além das despesas próprias de fim de ano, como presentes, festas, viagens etc.; e outra, para poupar e aplicar em algum investimento, para formar uma reserva financeira para imprevistos e proporcionar uma renda extra, no futuro.
Ao receber o 13º salário e outra verba extra qualquer, a pessoa deve, antes de qualquer coisa, fazer um diagnóstico ou análise da situação financeira. O recomendado seria, durante um mês – se tiver renda fixa – ou três meses – se a renda for variada – anotar todos os gastos, desde o valor de um simples cafezinho até a prestação do carro ou da casa. Como, agora, não dá mais tempo de fazer isso, a orientação é levantar todas as despesas previstas para o mês, o que dá uma ideia sobre a situação financeira atual. Ao mesmo tempo, relacionar as dívidas vincendas e já vencidas, levando em conta os encargos que elas carregam (juros mais altos, multas), prazos de vencimento, possibilidade de ter que entregar o bem ou até corte de serviços, como de energia elétrica. A partir daí, tentar negociar esses valores com os credores, usando, então, as verbas extras para pagar parte ou tudo que deve.
Com relação à definição da prioridade do pagamento de dívidas, a recomendação mais frequente é pagar, primeiramente, as contas que carregam juros mais altos, como o cheque especial ou o cartão de crédito. Entretanto, pior que pagar juros mais altos é ficar sem algum serviço básico, como energia elétrica, ou, em situação mais difícil, sem casa ou apartamento, por falta de pagamento do aluguel ou do financiamento. Por isso, mesmo com juros menores, essas contas devem ser priorizadas
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Quem já recebeu antecipadamente as verbas extras de fim de ano, na própria empresa ou na instituição onde trabalha, ou, ainda, as ofereceu como garantia para pagamento de algum empréstimo específico de banco, não tem o que fazer. Em muitos casos, essa antecipação pode ter sido vantajosa, principalmente para quem estava endividado, pagando taxas mais altas de juros ou sujeito a perder um bem por falta de pagamento de parcelas.
Mesmo quem fez uso do recurso da antecipação ou está com contas atrasadas e vai usar as verbas extras de fim de ano para quitá-las, deve, pelo menos, fazer uma reflexão sobre o porque ficou em situação de endividado ou até inadimplente. Foi por necessidade, algum imprevisto, falta de planejamento, precipitação ou consumismo? A partir da resposta a cada um desses motivos – e outros que possam ocorrer -, comprometer-se a iniciar e fazer um ano novo diferente, com educação financeira.
Por fim, cada pessoa usa o 13º salário ou outra renda extra como bem entender. Existem “n” maneiras de gastar ou investir esse dinheiro extra. Entretanto, mais importante do que seguir algumas orientações de como gastar melhor essas verbas é aproveitá-las para iniciar a construção de um futuro financeiro mais tranquilo, separando parte para os sonhos. Claro, para algumas pessoas talvez o maior sonho seja quitar uma dívida. Perfeito, desde que não assuma novas dívidas que não cabem no orçamento. É importante perceber que a relação com dinheiro não pode ser meramente matemática – de fato, não é! -, mas comportamental. Viver em função do dinheiro, só querendo ganhar mais para poder comprar mais coisas, é esquecer que o dinheiro é apenas uma ferramenta para realizar sonhos e não o objetivo principal da vida.
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