O apresentador Robson Drachler (o Bobi) conduziu no último domingo, 10 de julho, o programa Retratando a Querência, na Rádio Gazeta FM 98.1, no qual comemorou 10 anos no ar. A atração contou com a participação especial de Oscar Eduardo Billig (conhecido como tio Gola). Prestes a completar 81 anos de vida, o laçador de Estrela Velha é reconhecido em todo o centro do Estado pelo seu amor às tradições gaúchas. “Mais do que uma homenagem, este programa foi um reconhecimento da família tradicionalista do Centro Serra ao laçador Oscar Billig”, salientou Bobi ao longo da entrevista.
A história de Oscar com o laço começou aos 6 anos de idade, quando se dirigia ao campo, auxiliando a família na lida campeira. “Naquele tempo o pai laçava boi bravo. Sei que quando ele tinha 10 anos o vô não laçava mais campo a fora, era só o pai”, frisou o filho Paulo Roberto Billig (o Beto), que segue seus passos e o acompanhou na entrevista.
O ingresso nos rodeios campeiros se deu quando Oscar já estava na juventude, no alto de seus 20 e poucos anos. Contudo, ainda antes de fazer-se presente em rodeios, participava de tropeadas. Em uma das histórias recordadas no programa, auxiliou a levar 240 bois até o município de Cruz Alta, enfrentando os desafios da estrada no lombo do cavalo, seu grande parceiro. Era uma verdadeira aventura. Quando chegava à noite, lembra que paravam em fazendas para pernoitar, e dormir sobre os pelegos. “Chovia, fazia muito frio, tinha geada e precisávamos levá-los até o trem em Cruz Alta. Em cada vagão entravam 20 bois, e era preciso correr apartando os lotes”, recordou.
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Conforme Bobi, essas lidas campeiras estão retratadas nas letras das músicas e lembram histórias que tiveram início com os antepassados e foram sendo passadas entre gerações. “A ideia do programa Retratando a Querência é valorizar todos os laçadores, aqueles que já entraram para a história, que partiram, e as novas gerações que seguem a tradição”, frisou, parabenizando seu Oscar pela representatividade junto ao movimento tradicionalista e sua disposição ao chegar às oito décadas vividas.
Também esteve presente no estúdio o ex-patrão do CTG Estrela do Pago de Estrela Velha, João Paulo Pereira, filho do fundador e primeiro patrão da entidade, Setembrino Pinto Pereira.
João Paulo relembrou a fundação do CTG Estrela do Pago, que tem seu Oscar como um de seus sócios-fundadores, integrante da primeira patronagem e grande entusiasta, levando toda a família a participar. A data de 17 de julho de 1964 é comemorada anualmente pela entidade, sendo que neste domingo haverá almoço especial pelos 58 anos do CTG.
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Já sobre os primeiros rodeios crioulos, seu Oscar recordou que na época tudo costumava ser feito no lombo do cavalo e, para a realização do evento, era necessário reunir um lote de gado, com animais oriundos de diferentes propriedades. O primeiro rodeio realizado em Estrela Velha ocorreu no ano de 1967, quando o CTG já está fundado.
Já o primeiro rodeio em que participaram fora do município recorda ter sido em Jacuizinho. “As pessoas não me conheciam, então me chamavam de ‘alemão da Costa do Rio’. E ganhei no laço individual do ‘gaúcho de Jacuizinho’. Era bonito de olhar para a cerca, que estava cheia de gente e, quando lacei a vaca todo mundo garrou o mato, saiu correndo, não tinha ninguém quando voltei. Este foi o meu primeiro troféu”, recordou.
A segunda experiência fora do âmbito de Estrela Velha foi em Sobradinho, mas, antes de chegar à pista de rodeio, foi preciso aventurar-se. “Chegamos para atravessar a barca e ela estava no fundo da água. Como atravessar? Tinha um senhor lá e nos ajudou a atravessar os cavalos. Cruzaram 21 cavalos a nado”, frisou. O tiro de laço, segundo ele, era realizado somente no domingo. “E era cavalgada antes e depois do rodeio, para ir e voltar embora”, acrescentou.
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Devido aos desafios, seu Oscar mencionou que, naquele tempo, eram realizados dois ou três rodeios por ano. “Agora tem quase todos os fins de semana”, ressaltou.
Além de contar estas e outras experiências, de falar sobre os desafios que eram transpostos com alegria, Billig também mencionou as amizades feitas e fortalecidas ao longo de suas participações nos eventos tradicionalistas. Entre eles a parceria com a Confraria Cavaleiros da Serra, que neste ano completa 30 anos de atividades.
Para o filho Beto Billig, é motivo de grande alegria e honra ter o pai acompanhando as atividades. “Graças a Deus. Ele vai fazer 81 anos daqui alguns dias e está laçando e cavalgando com a gente. Não tem coisa melhor. Tomara que continue assim pelo menos mais 10 anos e possa contar as histórias e ensinar os netinhos e mais dois bisnetos que estão chegando a campeirar. A riqueza maior que se tem é a família, ter meu pai e minha mãe comigo. Ficamos muito felizes de receber esta homenagem ao nosso pai”, frisou.
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A edição de 10 anos do programa contou ainda com a participação dos apresentadores do Programa Raça e Cultura da Gazeta FM, Adelar e Alessandro Rosa, e do músico Celso Souza que animaram a atração dominical com canções e trova.
O CTG Estrela do Pago conta há alguns anos com a Galeria Oscar Eduardo Billig, na qual estão expostos em torno de 200 troféus conquistados por ele nos rodeios em todo o estado ao longo das décadas de participação. “Somando todos os laçadores do CTG acho que não chega a este número”, pontua João Paulo. “Vamos aumentar a galeria”, brinca seu Oscar, que continua participando de algumas provas.
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