A paixão pela jardinagem, o contato direto com a natureza, assim como a dedicação, organização e planejamento passaram a fazer parte do dia a dia do agricultor Francisco Rauber, 61 anos, de Linha Travessão, Arroio do Tigre. Apesar do trabalho na lavoura e o cultivo do tabaco, sempre sobra um tempo para se dedicar as plantas, a maioria delas exóticas e algumas até inusitadas. Ao se aproximar da propriedade, na terça-feira pela manhã, para o Quadro Café na Roça da Gazeta FM, já se avistou uma bela paisagem. Na entrada, uma cerca viva com mais de dois mil pés de cipreste, seguida de um lindo e colorido jardim, a residência de madeira, os fornos de estufa e os galpões e ainda um pequeno riacho e açudes completam a propriedade de 12 hectares.

Rauber descobriu a paixão há cerca de 12 anos. Tudo começou quando ele resolveu incrementar, aos poucos, o pátio da residência, após a morte da sua mãe que gostava muito de flores. “Plantei algumas árvores ornamentais e depois fui buscando cada vez mais e mais. Encontrei nas plantas e flores um novo mundo de cuidados. Minha mãe lançou a aventura”. Foi quando começou a pesquisar novas plantas e viajar. Nestes trajetos sempre pesquisava e trazia alguma planta nova. “Tudo foi ideia minha. Eu que fiz. É minha personalidade. Hoje ensino meu filho”, disse lembrando que fez degraus para o jardim de madeira, criou bancos e até uma churrasqueira diferenciada nos fundos da casa e chegou a inventar uma roda que tocava a água – “eu mesmo a montei. Ficou lindo e funcionou durante muitos anos”. Inclusive Rauber e o filho estavam construindo, em fase final, a terceira estufa convencional de fumo. “Também fiz sozinho a cerca viva. Foi muito trabalho mas ficou bonita. Cuido de todas as plantas e árvores, da grama – que precisa ser cortada seguidamente, da terra e faço pesquisas para buscar novas espécies. Procuro as plantas adequadas e faço encomendas. Quando vejo uma planta diferente tiro fotos e depois tento conseguir. É um hobby e uma terapia. O jardim tem um efeito calmante e tranquilizante”.

As diversas espécies
O agricultor possui cerca de meio hectare de jardim, uma pequena floresta nativa – de araucária e mata nativa e mais de 100 frutíferas “Tem laranjas de várias espécies, desde a mais pequena até as mais grandes”, brincou. Entre as diversidades de plantas no jardim tem as várias palmeiras: viajante, bismark (palmeira azul), leque, tâmara do Egito – que é planta única na região, entre outras que são raridade e pouco vistas; as laranjas: melancia que chega até três quilos,  sagui – que é vermelha por dentro, e a imperial – que é com listras verdes e amarelas; pata de elefante, pipo – uma planta que parece ser sintética, álamo – espécie de plátano italiano, amendoim forrageiro, calistemo – que se parece com uma escova-de-garrafa, agave palito – perene e nativa do México, tuia-macarrão, rododendro, yucca – uma planta rústica rara e cara – cipreste vela, cactos – alguns  ornamentais com mais de 24 anos, pinheiro alemão, butiá, tuia inglesa, flores e frutíferas.

Tabaco
Na propriedade trabalham quatro pessoas. A esposa Elivete, o filho Ricardo e a nora Camila. O carro chefe é o fumo. “Como a propriedade é pequena com o plantio do tabaco conseguimos sobreviver”. A família plantou 40 mil pés e este ano vai aumentar para 50 mil pés. Um dos fatores é o aumento da mão-de-obra na propriedade. Mas eles cultivam hora doméstica, milho, feijão, produtos de substiência e possuem vaca de leite.